MENSAGENS DA TERRA: CONFIRA TUDO QUE ACONTECEU NA REDE DOS PONTOS DE CULTURA INDÍGENA DO NORDESTE EM AGOSTO DE 2017

Agosto foi um mês muito especial para a rede de Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Vibramos e torcemos juntos pelo juri do amigo Joel Braz, que ocorreu no dia 16 deste mês, em Eunápolis (BA). Desde 2007 Joel estava vivendo em prisão domiciliar, acusado de homícidio. Este foi o sexto e último processo respondido por Joel, que foi inocentado em todos. O juri começou 8h30 da manhã e terminou às 19h. Várias comunidades do sul e do extremo sul da Bahia se articularam para estar presentes em solidariedade ao parente.

 

 

 

Pataxó – Aldeia 2 irmãos

Nos foi avisado que o cacique Antônio (Pataxó) foi pego pela polícia, em Cumuruxatiba. Ele e sua família estavam dentro de um carro indo para a retomada no lote do Incra. A mídia informou que era um carro roubado, mas segundo a cacique Maria D’Ajuda essa informação é incorreta. Que o carro é da SESAI emprestado para o cacique.

Horta de couve de Dona Ana
Alunos da creche 2 irmãos
Professor Ilauro
Visita dos profissionais do Estado para a reforma da Escola
Plantio de mandioca
Reunião com lideranças da Aldeia Pequi

 



“Todos temos que seguir por esta estrada maravilhosa. Assim nenhuma comunidade terá fome, só alegria. Beijos Tia Mayá”

Jenipapo verde, como se faz tinta
Tinta pronta
Mutirão para o trabalho no ponto de cultura da aldeia 2 irmãos

Visita do MEC na aldeia 2 irmãos
Reunião FNDE na aldeia Kai

 

Karapotó-Plaki ô

Reforma do Ponto de Cultura

Reunião com Secretaria do Meio Ambiente
Hora do manguty
Curso de igualdade nas aldeias

Encontro sobre gênero. Realizado em Cumuruxatiba

 

Pataxó Hahahãe

Colheita de milho crioulo de Tia Mayá. Quem já comeu o cuscuz sabe como é bom!
Encontro de mulheres indígenas na aldeia Baheta, Itaju do Colônia.

Tia Mayá entre os dias 21 e 22 de agosto participou de um encontro com o grupo Anjos da Arte, iniciado como Biblioteca de Rua, do Caxambu (Morro dos Anjos – Petrópolis – RJ). Sebastian Gerlic e Mayá utilizaram ferramentas da metodologia Dragon Dreaming para transformar sonhos em realidade.

Kariri Xocó 

 

Pankararu

O povo Pankararu desde o dia 28 deste, vem ocupando a casa da Diretoria da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco- CHESF, Torres de transmissão de linhas eletricas de alta tensão e no dia de hoje (30/08), por volta das 15 hs 00, o Prédio que funcionava como escritório da CODVASF, próximo a Escola Municipal Professora Djanira Dória. O ato tem como principal reivindicação fazer com que a aludida Companhia reconheça que possui uma DÍVIDA SOCIAL, CULTURAL E HISTÓRICA COM O NOSSO POVO.
Nossa mobilização requer a participação e empenho de todos nós Pankararu pela conquista e garantia de nossos direitos.
Nossa luta tem contado com a colaboração de alguns parceiros do campo jurídico e político, bem como da ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÃO INDÍGENA DO NORDESTE, MINAS GERAIS E ESPÍRITO SANTOS – APOINME, mas ainda não é o suficiente. A luta nesses últimos dias não tem sido fácil, pois a CHESF tem se demonstrado inrresolutiva as nossas questões.
É por essas e outras razões que venho em nome da mobilização Pankararu solicitar o apoio dos demais Pankararu, que por solidariedade e reconhecimento a história de luta de seu próprio povo possam nos ajudar nessa causa. Somos muitos Pankararu e temos muitos com formação em diferentes áreas. Advogados, antropólogos, historiadores, sociólogos entre muitos outros. É chegada a hora minha gente, não vamos deixar que o nosso povo perca essa batalha. Se não for agora, será nunca mais.

Pataxó Barra Velha

Tia Mayá narrou todo o julgamento do colega Joel Braz, no dia 16 de agosto. Informou à rede que os advogados de defesa foram brilhantes. Joel esteve tranquilo e confiante durante todo o julgamento. A força dos encantados esteve presente. Uma forte rede neste dia estava conectada a Joel, amigos de todas as partes, parentes, toda a rede dos PCI. No fim da tarde tivemos a notícia que Joel foi inocentado após 10 anos de prisão domiciliar.

Jury de Joel Braz reuniu muita gente!

 

Todas essas informações foram trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.

MENSAGENS DA TERRA: CONFIRA TUDO QUE ACONTECEU NA REDE DOS PONTOS DE CULTURA INDÍGENA DO NORDESTE EM JULHO DE 2017

A rede dos Pontos de Cultura Indígena do Nordeste começou o mês de julho com construção e reivindicações. Na aldeia 2 irmãos, em Pataxó de Cumuruxatiba, um forno comunitário foi construído, enquanto as ervas medicinais, importantes para a manutenção da saúde e da cultura indígena, seguiam seu ritmo de crescimento…

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Mensagens da Terra: Confira tudo que aconteceu na rede dos Pontos de Cultura Indígena do Nordeste em Junho de 2017

A partir de agora iremos postar mensalmente algumas informações trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste.

Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.

Seguem agora algumas imagens e mensagens compartilhadas no mês de Junho de 2017, mês de uma das principais festas do Nordeste, o São João, e teve até forró dentro das aldeias…

Pataxó Hahahãe

Teve ação com as crianças e comunidade

Tia Mayá, Pataxó Hahahãe, narrando a história da agricultura no povo Pataxó Hahahãe. Contando a importância de preservar essa cultura milenar. Encontro Celebrando a Semente pela associação AHIAV. Viva a agricultura, viva Hahahãe (Relato por Fabrício Titiah)

Teve forró no São João também…

Pataxó Cumuruxatiba

A cacique Maria D’Ajuda em uma de suas reuniões em prol do bem de sua comunidade, dessa vez para trabalhar reflorestamento.

Relato de Maria D’Ajuda no mês de Junho:

“Estamos na luta esse mês. A luta foi muito forte, ocupamos a pista por duas vezes para resolver a nossa educação, o pagamento dos motoristas e também sobre nossa saúde. Os carros (para transporte escolar) não estão suprindo as necessidades das comunidades, apenas 1 carro para 14 aldeias. Ontemos tivemos com o ministério público em Teixeira de Freitas”.

Kariri Xocó

Teve festa em Kariri Xocó, viva São João!

Diariamente são postadas muitas mensagens nos grupos da rede dos Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Essa postagem é uma maneira de deixar registrado e compartilhar com o mundo algumas informações a respeito do andamento das atividades em cada ponto, do dia a dia das aldeias e da cultura indígena.

Awêre.

“Não somos folclore, não somos coisa do passado, somos presente vivo”

campaha_diadoindioIII19 de abril, dia do índio. Talvez seu filho chegue em casa pintadinho de índio batendo a mão na boca fazendo Hu Hu hu. Para quem não sabe, isso vem dos índios americanos, prova de que pouco se conhece sobre a realidade do índio brasileiro. Ou do índio que estava aqui antes do Brasil ser Brasil.

“Eu não quero ser lembrada apenas um dia. Eu quero que todos os dias nós indígenas sejamos lembrados como verdadeiros donos deste território. Não somos folclore. Não somos coisa do passado. Somos história viva. Uma história de luta, sofrimento e resistência”, afirmou Potyra Tê Tupinambá, indígena, advogada, mãe, mulher e diretora executiva da ong Thydêwá.

A realidade indígena do país não está fácil. Golpes são dados diariamente sobre os direitos desses povos tradicionais. A luta é constante para não se perder o território, a dignidade, a natureza preservada ao redor da terra onde se vive, o acesso à água, o acesso à tecnologia.

Pela rede Indios Online, portal etnojornalístico, é possível ter acesso a conteúdo produzido pelos próprios indígenas e entender que nem tudo se ouve e lê nos demais veículos de comunicação é verdade: http://www.indiosonline.net/

A Thydêwá também possui 21 livros disponíveis para download. Todos escritos por indígenas. E também 3 cds. Conteúdo suficiente para ter acesso a realidade do índio brasileiro. https://www.thydewa.org/downloads1/

Recentemente lançamos dois livros digitais infantis com histórias indígenas. Por enquanto disponível para iPhones e iPads, mas é possível ler online ou baixar o pdf. Estão lindos! http://www.daterraproducoes.net/ebooks/

A invisibilidade da mulher indígena é combatida pela rede Pelas Mulheres Indígenas que desde 2014 vem trabalhando para transformar a realidade dessa parte da população extremamente vulnerável. Mulheres que são em sua essência fortalezas. http://www.mulheresindigenas.org

Os jovens estão aí mostrando que têm voz, que têm raiz, que estão abertos e dispostos a lutar por mudanças. Não querem mais ser folclore, são modernos, estão atentos as mudanças do mundo, tentando acompanhá-las, mas não perdem a essência que os conecta com as tradições. Estamos reunidos no Força Indígena Jovem, grupo aberto: https://www.facebook.com/groups/941864215891750/

E tem o RISADA, uma rede indígena solidária de arte e de artesanato. Gente preocupada com o meio ambiente e conectada com a tradição de produzir para sobreviver. Acreditando na potência da Internet para potencializar a sustentabilidade de seus povos http://risada.org

A realidade do índio brasileiro é sofrida. Se no dia 19 são folclore, no restante dos outros dias precisam esconder a identidade indígena sob o risco constante de sofrerem preconceitos. É para isso que a gente trabalha, para promover diálogos, acreditando na cultura da paz, no bem viver, na força da mãe terra.

Desejamos a todos um dia do índio, uma semana da resistência e todo um abril indígena de abertura para novos conhecimentos.

Awere!

REDE INDÍGENA SOLIDÁRIA DE ARTE E DE ARTESANATO ABRE SUAS PORTAS “VIRTUAIS” NO DIA DA ÁRVORE

Indígenas se reúnem em rede por uma economia que promova o sustento financeiro, cultural e ambiental de suas comunidades 
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Em celebração ao dia da árvore (comemorada no dia 21 de setembro), fonte de matéria prima, alimento, moradia, remédios, entre tantas outras utilidade para os indígenas, a RISADA  Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanato   lança seu novo portal (http://www.risada.org), com foco no comercio justo e solidário, com responsabilidade perante a vida, ao meio ambiente, com carinho pela nossa Mãe Terra.
 
Pensando que os benefícios do comércio devem ser não só econômicos mas também ampliados para a comunidade global e para o planeta, de forma a promover a coesão social, paz e preservação ambiental, indígenas de oito comunidades do Nordeste: Kariri-Xocó (AL), Pankararu (PE), Tupinambá de Olivença (BA), Pataxó Hãhãhãe (BA), Pataxó Barra Velha (BA), Pataxó de Cumuruxatiba (BA), Karapotó Plaki-ô (AL) e Xokó (SE) participam da Rede.
“Somos um grupo de indígenas, alguns de nós artesãos e ou artistas; todos nós preocupados com o Meio Ambiente, todos nós preocupados com nossas culturas, com a preservação de nossas matas e de nossas tradições, com as artes e conhecimentos tradicionais de nossos povos. Alguns de nós artesãos digitais, que apropriados das tecnologias de Informação e comunicação registramos com fotos e vídeos nossa realidade e usamos a internet para proteger nossa natureza e para dar condições de vida digna aos artesãos de nossas comunidades”.
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A proposta do grupo é ser uma alternativa ao princípio de acumulação infinita do capitalismo e à degradação ambiental que ele traz. O comércio é uma fonte de renda real e importante para as comunidades indígenas, mas que ainda se encontra injustamente remunerada e compreendida como prática cultural e social, representando a história indígena. O sistema de formulação do preço das peças é baseado nos conceitos do ganha-ganha, onde as necessidades de todos os envolvidos são supridas.
A rede
Desde 2007 que o grupo se reúne no intuito de discutir com regularidade alternativas de estabelecerem a venda de seu artesanato por meio do comercio justo e solidário. Essas discussões culminaram, em 2009, com a elaboração da R.IS.A.D.A: www.risada.org. O projeto se concretizou como uma experiência piloto, em maio de 2011, com apoio da Caixa Econômica Federal. Somado a esse recurso foram alocados recursos do Pontão de Cultura Viva Esperança da Terra, parceria Thydewa-MinC, e foram realizados 04 Encontros para criação da rede R.IS.A.D.A.
Os indígenas tem apontado a vida em rede de Economia Solidária como um caminho para sair do atual estado de miséria no qual se encontram e passar a ter uma vida digna. Tanto os próprios participantes envolvidos na rede quanto a Thydêwá, acreditam que a R.I.S.A.D.A. pode promover melhorias para as comunidades indígenas envolvidas, e, logo, para outras também.
Desde 2015 a RISADA vem recebendo o apoio da Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda do governo da Bahia (SETRE-BA) e continua contando com os apoios do Ministério da Cultura e da Caixa Economia Federal. Nesta nova fase; com mais indígenas participando; a rede já realizou 3 encontros.
 
Serviço
O que: Lançamento do site da Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanatos
Onde: Internet
Quando: 21 de setembro, dia da árvore
Contato: Luciane Locatelli (lulocatelli81@gmail.com) ou Sebastian Gerlic (sebastian@thydewa.org)
Telefone: (73) 3269-1970
Mais imagens em: http://risada.org

 

INDÍGENAS PRODUZEM LIVRO SOBRE A MEMÓRIA DO MOVIMENTO INDÍGENA DO NORDESTE

capa final web 1

 

https://www.thydewa.org/wp-content/uploads/2015/03/LIVRO-MOVIMENTOS-CARTOGRAFICOS-FINAL_web.pdf

Autores de 12 etnias do Nordeste produzem e lançam o 23° livro da coleção ÍNDIOS NA VISÃO DOS ÍNDIOS.

Com o título “Memórias do Movimento Indígena do Nordeste”, 16 indígenas escrevem partilhando suas ideias e opiniões. Sabendo que é na memória que está a garantia de um futuro melhor para todos, os indígenas estão fazendo circular 1000 exemplares impressos e disponibilizando gratuitamente na internet seu trabalho coletivo.

“Este livro é um registro histórico que deixa na memória das futuras gerações a nossa forma de viver e as transformações pelas quais passamos, em sua grande parte, sem nosso consentimento. Por meio dele o povo poderá refletir e não deixar que o lado escuro da história se repita”, afirmou Alexsandro Potiguara, um dos autores do livro.

Contando com o apoio do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus, autarquia do Ministério da Cultura – através do edital público “Memórias Brasileiras”, a ONG Thydêwá, que vem trabalhando desde 2001 com o emponderamento dos indígenas e promovendo o fortalecimento de suas vozes e expressões, convocou e organizou este novo livro, que está dentro da premiada coleção “Índios na Visão dos índios”.

Neste título, o 23° da coleção, indígenas Pankararu, Potiguara, Pataxó, Fulni-ô, Kariri-Xocó, Tupinambá, Quixelô, Pataxó Hãhãhãe, Kanindé, Karapoto Plaki-ô, Payayá e Xokó, com toda liberdade e força, partilham através de escritos, fotografias e desenhos suas memórias, sentimentos e visões.

https://www.thydewa.org/wp-content/uploads/2015/03/LIVRO-PERCURSOS-CARTOGRAFICOS-FINAL_web.pdfcapa final web

O livro ainda conta com fragmentos de um trabalho cartográfico protagonizado por indígenas de 08 comunidades do Nordeste que mantém Pontos de Cultura Indígena dentro de seus territórios, projeto que conta também com o apoio da ONG Thydêwá e do Ministério da Cultura; desta vez, via Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.

Serviço:
O quê: Produção de livro
Quem: ONG Thydêwá, com a parceria do IBRAM – Ministério da Cultura
Quando: 9 de abril de 2015
Sugestões de fontes: contatos@thydewa.org – Sebastián Gerlic 73 3269 1970 www.thydewa.org  e

pagina: www.facebook.com/memoriasindigenas

e tem grupo com o mesmo nome!

“Indígena nunca deixou de ser morto no Brasil”. Confira as partilhas do 2° dia do Encontro do Programa Mensagem da Terra

Na manhã do 2° dia do Encontro do Programa Mensagem da Terra, como todos os dias, foi feito um ritual de abertura indígena, com cânticos em roda. Inicialmente, foi discutida a importância do evento Teia Nacional de Pontos de Cultura para a visibilidade e representatividade dos indígenas. Deborah Castor, consultora de culturas indígenas da Coordenação Geral de Programas e Projetos Culturais da SCDC (CGPPC), sugeriu que fosse levado, ao encontro nacional, relatos e registros, em audiovisual por exemplo, da situação tupinambá.

Nhenhety Kariri Xocó, sócio da Thydêwá, abriu o Moytará, apresentando o seu significado. Moytará é uma palavra indígena que significa troca. Esta era uma tradição entre os indígenas da caatinga e da Mata Atlântica, que se encontravam uma vez por ano para trocar produtos da florestas. “Moytará é a história da caçada tradicional”, resumiu. Ele sugeriu fazer um moytará com produtos da tecnologia – livros, cds, vídeos e que a rede de Pontos de Cultura Indígenas será como um Moytará, pois trocará também com outras redes, como a Índio Educa e a RISADA. Alguns indígenas apresentaram os produtos que trouxeram para trocar: frutos, sementes, raízes, livros, etc.

Naiara Tukano, representante indígena do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC-MinC), apresentou o Conselho enquanto um espaço de participação e controle social perante o Minc. “Embora tenha um caráter consultivo e não tenha poder de decisão, é um avanço do diálogo entre governo e sociedade civil”, afirmou.

O debate circulou na importância da escolha de representantes dos povos indígenas que estejam comprometidos com a comunidade e a importância de se mobilizar. “Quando a gente pensa em Estado, representatividade é muito difícil. Mas nós enquanto indígenas temos que saber que aquele espaço também é nosso”, disse Naiara, diante das reflexões e exemplos trazidos pelos indígenas. Joel Braz, nome indígena Xarru Ingorá Pataxó, apontou que existe uma dificuldade para se mobilizar: “As pessoas precisam de muita garra e muito pulso para levar um movimento para frente. Não é qualquer coisa não.”

Foi trazida para a roda a extrema importância de ações e alternativas que sejam feitas a partir da base, de dentro da comunidade. Yakui Tupinambá atentou para a necessidade de mobilizar os jovens: “O que nós observamos é que nós precisamos de um movimento com os jovens indígenas .Muitos dos nossos estão se deixando levar. É uma continuação do processo de colonização.”

Diante das dificuldades apontadas para a mobilização e luta indígena, Naiara comentou: “O valor dos povos tradicionais é o valor humano. Nós não somos separados, somos pele vermelha e a luta é única. Quando se fala dos indígenas, se esquecem de falar de todos os atentados que sofremos diariamente. Por exemplo, ser agredido na rua, não ter comida e escola para nossas crianças.” “Existem ainda seres humanos que podemos chamar de gente, estão envolvidos, comprometidos nestas questões para diminuir a desigualdade social”, concluiu Yakuy Tupinambá.

Já fechando a manhã, Deborah apresentou o Plano Setorial de Políticas para os Povos Indígenas e suas três ações centrais: manutenção e transmissão de saberes e práticas indígenas, cultura e economia criativa – inserção da cultura tradicional na merenda indígena, e gestão e participação Social.

No período da tarde, na Oca externa, uma nova roda de apresentação foi iniciada para receber Cristiano Passos, da Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações. Os Tupinambá o deixaram a par da realidade violenta que os indígenas da etnia vêm sofrendo.

“Indígena nunca deixou de ser morto no Brasil”, afirmou Yakuy Tupinambá, que citou os diversos tipos de violência que o povo tem passado. Entre elas o medo, a perda do direito de ir e vir e o dia a dia sob pressão.

Logo após foi iniciado a discussão sobre o Ponto de Cultura dos sonhos de cada uma das comunidades, que encontraram em comum a oportunidade de ter ali um instrumento capaz de aproximar as gerações.

Encontramos também outros sonhos importantes, como o resgate e o fortalecimento cultural, a criação de cineclubes, a criação de oficinas de artesanato, história e agricultura, o fortalecimento da memória, o despertar o interesse pela luta, a possibilidade de melhorar a divulgação da realidade indígena, a emergência de uma sensibilização da sociedade para a causa indígena, a desmistificação do ser índio, a importância de incentivar a liberdade e o uso consciente das tecnologias e a abertura de um espaço de denúncia.

Também foi discutido, em conjunto, como seria o funcionamento de cada Ponto.

Após o intervalo, Sebastian Gerlic, presidente da ONG Thydêwá, ofereceu uma oficina de Fotografia, levando em conta os registros étnicos e as fotos como instrumento de luta, denúncia e capaz de transmitir mensagens. O dia encerrou após o por-do-sol com um ritual.

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Pontos de cultura são um instrumento de luta e de defesa de nossos direitos. Confira como foi o I dia do Encontro do Programa Mensagens da Terra

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Na manhã desta terça-feira (25), a Oca Aberta, espaço externo anexo a sede da Thydêwá, indígenas – representando as 08 comunidades que receberão os Pontos de Cultura (Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá, Pankararu, Xokó, Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô) -, e não indígenas se reuniram para o ritual de abertura do I Encontro do Programa Mensagens da Terra.

Fernando Pankararu e Mayá Hãhãhãe, líderes em suas comunidades e sócios fundadores da Thydêwá, puxaram o ritual de abertura, abrindo os trabalhos que seguem até o final da semana. Logo após, o encontro seguiu com a roda tradicional de apresentação, onde cada participante contou um pouco a sua história e o que o trazia até ali.

Entre as inúmeras falas importantes, representando a diversidade cultural e étnica do país, uma delas destacou um assunto que é pauta e elemento decisivo que pode tanto dar continuidade quanto ajudar a diminuir o preconceito que os povos indígenas sofrem. Yakuy Tupinambá trouxe em sua fala a importância de se reconhecer os povos indígenas não por sua aparência, sua fisionomia, mas sim pela sua própria construção de identidade. Ser indígena não é ser limitado em sua aparência, mas ser respeitado pela busca de seus antepassados, de sua própria história. Pedro Vasconscelos, Diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, respondeu a fala dizendo que essa é uma luta reconhecida pelo MinC, valorizando a diversidade cultural em seu universo de subjetividades.

A necessidade de uma campanha Estadual e Nacional visando a quebra de paradigmas e dos estereótipos indígenas foi confirmada por todos.

Depois do almoço, as atividades da tarde foram iniciadas com uma apresentação sobre a Thydêwá e os projetos que já foram executados durante esses 12 anos de ONG. Fernando Pankararu, Potyra Tê Tupinambá, Mayá Hãhãhãe, Nhenhety Kariri Xocó e Sebastian Gerlic, sócios da Thydêwá, se revesaram para falar de Índios Online, RISADA, Índio Educa, Índio na visão dos Índios, Índio quer paz, entre outros. . Em seguida, Pedro Vasconscelos apresentou o Programa Nacional de Promoção da Cidadania e da Diversidade Cultural – Cultura Viva.

“Não existe isso de levar cultura até a algum lugar. Levar a cultura é uma ideia colonizadora. Subentende-se com isso que neste lugar não havia cultura antes”, comentou Pedro. “Precisamos garantir o protagonismo e o emponderamento das comunidades. O Cultura Viva acredita que todos nós produzimos cultura”, finalizou.

Lula Dantas, membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), partilhou sua experiência com o Programa Cultura Viva. “Não somos público-alvo dessa política, somos agentes. Quem faz o Programa Cultura Viva somos nós que estamos na base, diariamente, buscando conciliar a gestão pública com esse nosso sonho de gestão compartilhada”.

Yuri Bastos, da rede Anísio Teixeira e do Ponto de Cultura Circo do Capão, também contou sua experiência: “Essa é uma oportunidade de se organizar enquanto grupo para ser autônomo e sobreviver com as próprias pernas. Precisamos ser forte para além da existência desse apoio”, comentou.

No final do dia, Sebastian apresentou para os indígenas participantes mais sobre o funcionamento do Programa Mensagens da Terra, cujo objetivo é implementar 08 pontos de cultura que fortaleçam as comunidades indígenas para terem melhor visão crítica e melhor preparo para projetar seus futuros. Juntos, os participantes refletiram sobre o que cada ponto pode fazer e quais são as melhores práticas para a rede alcançar.

“O ponto de cultura não é uma lan house, é uma ferramenta de empoderamento da comunidade para fortalecimento da cultura. O ponto é de toda a comunidade, mas a existência de um comitê gestor pode contribuir para o planejamento e realização dos trabalhos”, disse Deborah Castor, consultora de culturas indígenas da Coordenação Geral de Programas e Projetos Culturais da SCDC (CGPPC).

Para Naiara Tukano, representante indígena do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC-MinC), os Pontos de Cultura são uma forma de ser visualizado pelo sistema. “É um instrumento de luta. Pontos de Cultura podem ser pensados para a defesa dos nossos direitos”, argumentou. Naiara finalizou trazendo a reflexão sobre os Pontos de Cultura como espaços de promoção de vida, de manifestação cultural, para que possamos conhecer e viver a diversidade.

Yuri encerrou o I Dia de Encontro com um cordel sobre a rede Anísio Teixeira.

 

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