Entre os dias 7 e 11 de maio de 2017 aconteceu na sede da Thydêwá o 4o Encontro dos Pontos de Cultura Indígenas do Nordeste (PCI), reunindo representante das 08 comunidades que compõe a rede.
Durante o Encontro tivemos a presença de Célio Turino, idealizador dos Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva.
Escute agora o programa da Rádia Cunhã com a voz das mulheres indígenas representantes de seus Pontos de Cultura + músicas indígenas + um poema de autoria da cacique Maria D’Ajuda (Pataxó). Tudo gravado e produzido durante o 4o Encontro do PCI.
Caminhando para um futuro pós capitalista, onde os benefícios do comércio devem ser não só econômicos mas também ampliados para a comunidade global e para o planeta, de forma a promover a coesão social, paz e preservação ambiental, indígenas de oito comunidades do Nordeste se reúnem entre os dias 13 e 17 de julho para o 3o encontro da RISADA (Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanato).
A proposta da rede é ser uma alternativa ao princípio de acumulação infinita do capitalismo e à degradação ambiental que ele traz. No Encontro, que ocorre na sede da ong THYDÊWÁ, em Olivença/BA, é possível acompanhar discussões sobre comércio justo, economias de troca, economias solidárias, economias do decrescimento, moedas sociais, mercados sociais, economia da dádiva. Além disso, está programada uma oficina especial sobre Fundo Rotativo Solidário, ministrada por Simaia Santos Barreto, e uma imersão na loja virtual da RISADA, com intuito dos indígenas administrarem seus próprios produtos e vendas. No último dia está marcada uma conversa com representantes do Ministério da Cultura. Para Luciane Locatelli, uma das coordenadoras do projeto, o importante é que os participantes saiam motivados para que o RISADA crie raízes dentro das aldeias.
Nova era
O comércio é uma fonte de renda real e importante para as comunidades indígenas, mas que ainda se encontra injustamente remunerada e compreendida como prática cultural e social, representando a história indígena. É durante esses encontros que vemos nascer novas possibilidades de bem viver. É necessário pensar sobre o alcance destas múltiplas e diversas experimentações sociais de forma que as ideias propostas se corporifiquem em práticas diárias, pensadas como sonhos que se concretizam, dispostos a superar a presente hegemonia das desigualdades e do desrespeito pela dignidade humana, na procura da justiça social para todas as criaturas do mundo.
Para Sebastian Gerlic, presidente da ong Thydêwá, os indígenas não escolheram viver no capitalismo: “Foi uma questão de adaptação ou morte. Se adaptaram, mas agora estamos remando juntos para uma nova era”.
A rede
Desde 2007 que o grupo se reúne no intuito de discutir com regularidade alternativas de estabelecerem a venda de seu artesanato por meio do comercio justo e solidário. Essas discussões culminaram, em 2009, com a elaboração da R.IS.A.D.A: www.risada.org. O projeto se concretizou como uma experiência piloto, em maio de 2011, com apoio da Caixa Econômica Federal. Somado a esse recurso foram alocados recursos do Pontão de Cultura Viva Esperança da Terra, parceria Thydewa-MinC, e foram realizados 03 Encontros para criação da rede R.IS.A.D.A.
Os indígenas tem apontado a vida em rede de Economia Solidária como um caminho para sair do atual estado de miséria no qual se encontram e passar a ter uma vida digna. Tanto os próprios participantes envolvidos na rede quanto a Thydêwá, acreditam que a R.I.S.A.D.A. pode promover melhorias para as comunidades indígenas envolvidas, e, logo, para outras também.
Desde 2015 a RISADA vem recebendo o apoio da Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda do governo da Bahia (SETRE-BA) e continua contando com os apoios do Ministério da Cultura e da Caixa Economia Federal. Nesta nova fase; com mais indígenas participando; a rede vai realizar seu terceiro Encontro.
Serviço
O que: 3o Encontro da Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanatos
Onde: Sede da ong THYDÊWÁ – Rua Marechal Castelo Branco, no 204, Olivença/Ilhéus/Bahia.
Com foco em autonomia e empreendedorismo, a rede Pelas Mulheres indígenas realiza seu V Encontro com a presença de indígenas do Nordeste.
O Projeto Pelas Mulheres Indígenas, idealizado pela ONG Thydêwá e co-criado em parceria com 08 comunidades indígenas do Nordeste, realiza o V Encontro Multiétnico com mulheres indígenas de quatro estados do Nordeste, e encerra o primeiro ciclo de suas atividades, que contou com o apoio da Secretaria de Políticas para Mulheres, da Presidência da República.
O Encontro, que acontece em Olivença-Ilhéus (BA), na sede da ONG Thydêwá, tem como tema central o empreendedorismo e a autonomia das próprias mulheres indígenas. A ideia é apoiar a rede para seguir adiante, agora construindo autonomia e sustentabilidade com as próprias mãos.
Para tanto, a a facilitadora Tanya Stergiou irá aplicar a metodologia Dragon Dreaming durante os cinco dias de Encontro. Dragon Dreaming é uma metodologia que auxilia pessoas e comunidades a desenvolver e realizar projetos bem sucedidos com base em três princípios – crescimento pessoal, fortalecimento dos laços comunitários e cuidado com a Terra. Como o Dragon Dreaming é inspirado na sabedoria aborígene da Austrália, na Teoria do Caos e da complexidade e sistemas vivos, a ideia agora é somá-lo com os saberes das mulheres indígenas, e a metodologia de roda de conversa tradicional indígena.
Retrospectiva
Em um ano e meio de atividades, muitos passos foram dados empoderando mulheres indígenas e reconhecendo o valor e potencial delas dentro de suas comunidades e fora delas, em sua aldeia e no mundo.
Entre as realizações da rede, está um livro inteiramente escrito, fotografado e ilustrado por mulheres indígenas, com uma Cartilha voltada para orientá-las a prevenir e enfrentar a violência conjugal.
Muitas outras ações foram realizadas: reuniões nas aldeias, levando a milhares de mulheres indígenas informações sobre direitos das mulheres; as mulheres indígenas foram à rede nacional de televisão, no programa “Mais Direitos, Mais Humanos”, na TV Brasil; muitos relatos foram escritos, fotografados e filmados inteiramente pelas mulheres indígenas, potencializando a voz destas mulheres dentro e fora de suas comunidades, através do blogue Pelas Mulheres Indígenas, e gerando um registro histórico de depoimentos de mulheres indígenas na internet; ajudamos a construir redes de parceria levando consciência aos serviços de atendimentos às indígenas sobre a importância de um atendimento especializado que respeite as especificidades culturais e sociais destas mulheres; muitas vidas foram transformadas: empoderamos muitas mulheres para prevenir e enfrentar a violência contra as mulheres em suas comunidades.
Outros livros da coleção “Índios na Visão dos Índios” estão também disponíveis para download gratuito no site da Thydêwá:https://www.thydewa.org/downloads1/
Institucionais:
O projeto Pelas Mulheres Indígenas foi idealizado pela ONG Thydêwá e conta com o protagonismo das indígenas para seu redesenho e com a parceria da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República e o apoio da rede de Pontos de Cultura Indígena do Nordeste e o Pontão Esperança da Terra, iniciativas apoiadas pelo Ministério da Cultura. O livro Pelas Mulheres Indígenas conta com o apoio da Secretaria de Política para as Mulheres do estado da Bahia (SPM-BA)
V Encontro Pelas Mulheres Indígenas:
Data: 24 a 28 de maio de 2015
Local: OCA ABERTA, sede da ONG Thydêwá, Olivença-Ilhéus (BA)
Com foco em autonomia e empreendedorismo, a rede Pelas Mulheres indígenas realiza seu V Encontro com a presença de indígenas do Nordeste.
O Projeto Pelas Mulheres Indígenas, idealizado pela ONG Thydêwá e co-criado em parceria com 08 comunidades indígenas do Nordeste, realiza o V Encontro Multiétnico com mulheres indígenas de quatro estados do Nordeste, e encerra o primeiro ciclo de suas atividades, que contou com o apoio da Secretaria de Políticas para Mulheres, da Presidência da República.
O Encontro, que acontece em Olivença-Ilhéus (BA), na sede da ONG Thydêwá, tem como tema central o empreendedorismo e a autonomia das próprias mulheres indígenas. A ideia é apoiar a rede para seguir adiante, agora construindo autonomia e sustentabilidade com as próprias mãos.
Para tanto, a a facilitadora Tanya Stergiou irá aplicar a metodologia Dragon Dreaming durante os cinco dias de Encontro. Dragon Dreaming é uma metodologia que auxilia pessoas e comunidades a desenvolver e realizar projetos bem sucedidos com base em três princípios – crescimento pessoal, fortalecimento dos laços comunitários e cuidado com a Terra. Como o Dragon Dreaming é inspirado na sabedoria aborígene da Austrália, na Teoria do Caos e da complexidade e sistemas vivos, a ideia agora é somá-lo com os saberes das mulheres indígenas, e a metodologia de roda de conversa tradicional indígena.
Retrospectiva
Em um ano e meio de atividades, muitos passos foram dados empoderando mulheres indígenas e reconhecendo o valor e potencial delas dentro de suas comunidades e fora delas, em sua aldeia e no mundo.
Entre as realizações da rede, está um livro inteiramente escrito, fotografado e ilustrado por mulheres indígenas, com uma Cartilha voltada para orientá-las a prevenir e enfrentar a violência conjugal.
Muitas outras ações foram realizadas: reuniões nas aldeias, levando a milhares de mulheres indígenas informações sobre direitos das mulheres; as mulheres indígenas foram à rede nacional de televisão, no programa “Mais Direitos, Mais Humanos”, na TV Brasil; muitos relatos foram escritos, fotografados e filmados inteiramente pelas mulheres indígenas, potencializando a voz destas mulheres dentro e fora de suas comunidades, através do blogue Pelas Mulheres Indígenas, e gerando um registro histórico de depoimentos de mulheres indígenas na internet; ajudamos a construir redes de parceria levando consciência aos serviços de atendimentos às indígenas sobre a importância de um atendimento especializado que respeite as especificidades culturais e sociais destas mulheres; muitas vidas foram transformadas: empoderamos muitas mulheres para prevenir e enfrentar a violência contra as mulheres em suas comunidades.
Outros livros da coleção “Índios na Visão dos Índios” estão também disponíveis para download gratuito no site da Thydêwá:https://www.thydewa.org/downloads1/
Institucionais:
O projeto Pelas Mulheres Indígenas foi idealizado pela ONG Thydêwá e conta com o protagonismo das indígenas para seu redesenho e com a parceria da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República e o apoio da rede de Pontos de Cultura Indígena do Nordeste e o Pontão Esperança da Terra, iniciativas apoiadas pelo Ministério da Cultura. O livro Pelas Mulheres Indígenas conta com o apoio da Secretaria de Política para as Mulheres do estado da Bahia (SPM-BA)
V Encontro Pelas Mulheres Indígenas:
Data: 24 a 28 de maio de 2015
Local: OCA ABERTA, sede da ONG Thydêwá, Olivença-Ilhéus (BA)
Dezesseis mulheres de oito comunidades indígenas do Nordeste participarão de uma oficina de sexualidade entre os dias 09 e 13 de março, em Olivença-BA. O encontro é o quarto da Rede Pelas Mulheres Indígenas (http://www.mulheresindigenas.org), iniciada em março de 2014, e que ganha força pela união de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL). Durante o encontro, será lançada a versão final do livro Pelas Mulheres Indígenas, que foi escrito e fotografado pelas mulheres das oito etnias do Nordeste.
Para debater o tema sexualidade, foi convidada a especialista no tema Paula Viana, integrante do Grupo Curumim, que já desenvolveu campanhas relacionadas à gestação e parto, aborto e outros temas relacionados à saúde reprodutiva. A ideia de trazer sexualidade para o centro da discussão surgiu no primeiro Encontro da rede feminista diante das diversas dificuldades que as mulheres indígenas enfrentam com relação a esse tema: desde a contracepção, até a discriminação e estereotipação, até conciliar a vida de mãe com as demandas da sociedade atual. “A mulher tem sido retratada na mídia seguindo um padrão de beleza, juventude, raça/etnia e classe social que não corresponde à diversidade brasileira. Criar espaços de discussão, reflexão e de empoderamento com e para as mulheres indígenas faz com que possamos fomentar o olhar crítico e à conscientização de que não somos objetos de consumo e que não concordamos com a hiperssexualização de nossa imagem”, reflete Paula.
Durante o evento, será lançada a versão final do livro Pelas Mulheres indígenas, que traz relatos da vida das mulheres indígenas das oito etnias do Nordeste e uma Cartilha Contra Violência, que apresenta informações para apoiar mulheres vítimas de violência. Os relatos foram escritos e fotografados pelas próprias mulheres indígenas.
Este já é o quarto encontro organizado pela rede e ocorre na sede da ONG, em Olivença, Ilhéus (BA). Além dos encontros presenciais, o projeto também desenvolve uma plataforma online que reúne conteúdos desenvolvidos pelas mulheres das 08 comunidades. O projeto Pelas Mulheres Indígenas é patrocinado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência República (SPM-PR) e desenvolvido pela ONG Thydêwá.
A ONG Thydêwá trabalha desde 2002 para o fortalecimento das comunidades indígenas, para a consciência planetária e promoção da cultura da paz. Nos últimos anos, tem aliado a apropriação das Tecnologias de Informação, Comunicação e Aprendizagem a projetos que lutam por relações interculturais justas e verdadeiras, como a rede Índios On-Line (www.indiosonline.net – desde 2004); Índio Educa (www.indioeduca.org – desde 2011) e a Rede Indígena de Arte e de Artesanato (www.risada.org – desde 2011).
Serviço:
O quê: SEXUALIDADE É TEMA DE ENCONTRO DE MULHERES INDÍGENAS
A quinta-feira e último dia do Encontro Pelas Mulheres Indígenas foi iniciada com um ritual de encerramento em volta do fogo. As mulheres aproveitaram para cantar seus torés, porancys e toantes. No final da manhã recebemos a visita de Rita de Souza, Coordenadora Executiva da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres. No período da tarde, todas assistiram ao filme A Encantadora de Baleias e a tarde foi encerrada com retratos pintados, uma oficina onde cada uma desenhou sobre sua própria foto.
Na quarta-feira, a parte da manhã foi reservada para discutir os temas que serão inseridos no livro feito só pelas mulheres indígenas. O período da tarde foi destinado para aprender a utilizar o blogue Pelas Mulheres Indígenas e a Comunidade Colaborativa de Aprendizagem.
Texto, machismo e tecnologia são temas do segundo dia
A primeira parte do dia foi dedicada ao livro que as mulheres irão produzir em colaboração, seguido de oficina de texto. “Três folhas vai ser pouco para contar a história do seu povo sobre a ótica feminina”, afirmou Marciléa Melo Alves, condutora da oficina. Logo após o machismo presente no do dia a dia foi debatido entre as mulheres. A tarde foi reservada para o uso do tablet e satisfação de dúvidas.
Termo de compromisso, fotografia e compartilhamento na web foram discutidos no terceiro dia
O terceiro dia começou com a firmação de um termo de compromisso entre as mulheres, para que o projeto possa estar fundamentado em um acordo construído colaborativamente entre todas as envolvidas. Ainda pela manhã, as mulheres indígenas vivenciaram uma oficina de fotografia e refletiram sobre quais registros podem fazer em suas comunidades. No período da tarde, a tecnologia foi retomada e elas puderam vivenciar mais funções de seus próprios tablets.
“O projeto tem como objetivo fortalecer cada vez mais a voz da mulher”
Este domingo (6) foi marcado pelo reencontro das 16 mulheres participantes do projeto Pelas Mulheres Indígenas. O encontro faz parte da Rede Pelas Mulheres Indígenas (http://www.mulheresindigenas.org), iniciada em março deste ano, e que ganha força pela união de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL).
A manhã foi iniciada com um ritual indígena que misturou um pouco de cada cultura e seguiu dando boas vindas para as novas integrantes do grupo. Para o primeiro dia, os objetivos do projeto foram retomados, assim como os desafios encontrados na atuação de cada mulher dentro de suas comunidades. Pela parte da tarde, as integrantes tiveram a oportunidade de apresentar os conteúdos que foram produzidos durante esses 4 meses e meio de projeto e é possível ter acesso pelo nosso blogue http://www.mulheresindigenas.org/blogue.
São 444 mil mulheres indígenas no minimo invisibilizadas pela sociedade
Dezesseis mulheres de oito comunidades indígenas do Nordeste se reunirão entre os dias 6 e 10 de julho para debater a realidade da mulher indígena nos dias atuais. Ao total, são 444 mil mulheres indígenas no Brasil sofrendo diariamente pela falta de território e cidadania, além de abuso de poder e violência, chegando inclusive a ter que negar sua própria identidade para driblar a discriminação e exclusão.
O encontro faz parte da Rede Pelas Mulheres Indígenas (http://www.mulheresindigenas.org), iniciada em março deste ano, e que ganha força pela união de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL).
Após 4 meses e meio de projeto, este já é o segundo encontro organizado pela rede e ocorre na sede da ONG Thydêwá, em Olivença, Ilhéus (BA).
“Durante este quatro meses, as mulheres atuaram iniciando grupos de debates sobre os direitos das mulheres em suas aldeias, e produzindo etnojornalismo para mostrar como é a realidade da mulher indígena hoje no Brasil. A ideia agora é fortalecer ainda mais os laços interétnicos entre as integrantes da Rede, lançar mais consciência sobre os direitos das mulheres em nossa sociedade e sobre exclusão que sofremos e, ao mesmo tempo, continuar empoderando estas mulheres como transformadoras de sua realidade”, afirmou Joana Brandão, coordenadora do Pelas Mulheres Indígenas.
Além dos encontros presenciais, o projeto também se desdobra em uma plataforma online que reúne conteúdos desenvolvidos pelas mulheres das 08 comunidades. Navegando no site, o usuário entra em contato com a realidade de mulheres em suas aldeias, que revelam através de seu cotidiano a realidade indígena do país. As histórias são contadas com textos, vídeos e fotografias produzidos pelas próprias indígenas.
Temas como educação, saúde, violência, autonomia financeira, e luta pela terra, são tratados sob a ótica da mulher, como mostra o trecho do perfil de Lindinalva (62), contado por Wilma Karapotó-Plaki-ô: “Na retomada das terras Karapotó–Plaki-ô tivemos que ir para a pista (estrada), foi um sofrimento. Éramos ameaçados de morte, mas tivemos que enfrentar porque as terras eram nossas, enfrentamos mesmo sabendo que eu, meus filhos e todos os índios que estavam ali corríamos risco de morte. Ficamos acampados na beira da BR 101, preocupados com os antigos posseiros e com medo de acontecer algum acidente com meus filhos por causa da pista. Finalmente quando conseguimos retomar nossas terras eu vivi em paz com meus filhos e meu marido. Hoje posso dizer que sou uma mulher batalhadora, guerreira e vencedora, vendo a minha família crescer cada dia mais”. Acompanhe outras histórias em nosso blogue (http://www.mulheresindigenas.org/blogue).
O projeto Pelas Mulheres Indígenas conta com o apoio da Secretaria de Politicas Públicas para Mulheres do Estado da Bahia, da Secretaria de Politicas Públicas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, e é desenvolvido pela ONG Thydêwá.
A ONG Thydêwá trabalha desde 2002 para o fortalecimento das comunidades indígenas, para a consciência planetária e promoção da cultura da paz. Nos últimos anos, tem aliado a apropriação das Tecnologias de Informação, Comunicação e Aprendizagem a projetos que lutam por relações interculturais justas e verdadeiras, como a rede Índios On-Line (www.indiosonline.net – desde 2004); Índio Educa (www.indioeduca.org Brasil – desde 2011) e a Rede Indígena de Arte e de Artesanato (www.risada.org – desde 2011).
Serviço: O quê: MULHERES INDÍGENAS SE REÚNEM PARA DEBATER A REALIDADE DA MULHER INDÍGENA NO BRASIL Mais informações: http://www.mulheresindigenas.org, joana@thydewa.org, fernanda@thydewa.org Contatos para entrevistas: Joana Brandão (73) 9163 2839 Fotos: Veja mais fotos e vídeos em nosso site http://www.mulheresindigenas.org
Mais convidados chegaram para o penúltimo dia do I Encontro do Programa Mensagens da Terra. Dessa vez, Bruno Tarin e Laila Sandroni, encarregados de realizar os Diagnósticos Situacionais do Programa Mensagens da Terra, se uniram aos trabalhos que começaram na terça-feira e terminam amanhã.
Após a roda de abertura , que se inicia sempre com rituais indígenas, 24 pessoas se apresentaram passando o bastão da fala, tornando esse momento um espaço de troca e partilha de conhecimentos. “Aqui o conhecimento coletivo vai sendo construído a partir de trocas”, refletiu Joana Brandão, jornalista coordenadora do Projeto Pelas Mulheres Indígenas, desenvolvido pela Thydêwá e conta com o apoio da Secretaria de Políticas das Mulheres da Presidência da República.
Durante a manhã assuntos voltados as comunidades foram debatidos, entre eles saúde, terra, educação, cultura e de que forma tudo isso pode dialogar com os Pontos de Cultura Indígenas.“O Ponto é pequeno, mas tem potencial realizador”, disse Sebastian Gerlic, presidente da ONG Thydêwá. “Índios Online também parecia pequeno, mas teve uma repercussão muito grande”, acrescentou.Cada indígena participante trouxe à tona as demandas de suas comunidades. “A saúde está uma miséria na nação Pankararu”, disse Fernando Pankararu. “90% dos indígenas tem que comprar seus próprios remédios”, finaliza.Todos os participantes foram enfáticos: Está um descaso a situação indígena no Brasil. “A luta indígena não é só importante para os indígenas, mas também para não indígenas”, disse Bruno Tarin.
O pensar nos Pontos de Cultura de acordo com as demandas de cada comunidade foi sendo tecido em conjunto por cada um presente na roda. “Cada aldeia tem uma característica própria. Os Hãhãhãe já têm seu território demarcado, então pode-se trabalhar o fortalecimento da cultura, já os tupinambá ainda estão em processo de demarcação, o trabalho pode ser voltado para a luta”, ponderou Nhenety Kariri-Xocó. “A voz indígena não pode ser calada”, finalizou.
Diálogos da Terra
“Eu digo com orgulho: Tenho 26 anos e não sei o que é lutar por terra”, comentou um jovem Xokó.“Isso porque seus antepassados lutaram por ela”, respondeu Fernando Pankararu. “A casa da gente é onde nosso antepassado caçou, pescou, dormiu, tomou banho, assou seu peixe, caminhou, cantou seus toantes, foi enterrado”, acrescentou.
Outro dia eu chorei na margem do rio São Francisco”, continuou Fernando, ao se lembrar que nas margens do rio que os Pankararu tradicionalmente pescavam está tomada, restando aos indígenas um espaço mínimo para se banhar.“Precisamos de um documento para denunciarmos o que está ocorrendo em nossas comunidades. As aldeias estão sem agentes de saúde e tem indígena tomando vacina na beira da estrada”, concluíram todos os indígenas juntos.
“Os primeiros habitantes do país não são valorizados. Valorizam aquilo que não é importante para nós, como a copa do mundo, por exemplo”, disse Maria Da Ajuda, Pataxó.“Chegou a hora da gente escrever o que a gente fala. A história acontece quando a gente escreve. A escrita serve como prova. Precisamos aprender a nova realidade do mundo”, comentou Nhenety Kariri-Xocó.
Diagnósticos situacionais
O que faz um Tupinambá aqui e agora? Pensar em uma perspectiva que entende a cultura como um processo que só compreende quem vive o dia a dia dela foi o que conduziu Bruno Tarin e Laila Sandroni durante o trabalho que fizeram no projeto Tupi Vivo (http://www.tupivivo.org.)
Após essa experiência, ambos serão os encarregados, junto com os indígenas de cada comunidade, pelo diagnóstico situacional das aldeias.Para isso outras perguntas trazidas são: “Afinal, o que é esse ponto de cultura, o que ele poderia ser e quais são as vontades e os sonhos de todos?”.Como os Pontos de Cultura chegam nas aldeias, como ele funciona e o que ele significa são outros dos pontos importantes para a realização desse trabalho.
O terceiro dia do I Encontro do Programa Mensagens da Terra começou com os rituais indígenas de abertura, unindo todos os povos em uma só roda, onde se canta e dança ao som de toantes, torés e porancys de cada uma das comunidades.
Em seguida, mais uma vez questões sobre a situação indígena atual foi debatida entre todos. “Cada vez que a gente se junta novos problemas aparecem”, comentou Joel Pataxó, ao identificar quantas situações de desrespeito e violência os parentes de outras etnias presenciaram.
“Não tem um olhar e nem uma política para fiscalizar e acompanhar a causa indígena”, disse Fernando Pankararu.
O causa Tupinambá também foi destacada. “A política ao invés de dar apoio aos indígenas dá apoio aos grileiros”, comenta Mayá Hãhãhãe. O agronegócio e sua consequente degradação dos territórios tradicionais foi um dos assuntos discutidos.
Depois dessa rodada, Cristiano Passos, da Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, apresentou o trabalho de apropriação de tecnologias dentro dos Pontos de Cultura e comentou sobre a possibilidade de utilizá-los como um instrumento de voz.
Cristiano também quis compreender qual a estrutura que existe hoje dentro dos Pontos e aquilo que os povos precisam.
Outras tecnologias sociais que surgiram com a existência dos Pontos de Cultura também foram comentadas, como a Rede Índios Online. As jovens Karapotó-Plakiô comentaram sobre como depois de algumas denúncias feitas na rede, a prefeitura da cidade em que a aldeia está localizada passou a dar mais atenção para as demandas da comunidade. “Índios Online é nosso porta voz”, comentaram. Além disso, Joana Tavares, jornalista coordenadora do Projeto Pelas Mulheres Indígenas, desenvolvido pela Thydêwá e conta com o apoio da Secretaria de Políticas das Mulheres da Presidência da República, comentou sua dissertação de mestrado sobre Índios Online: “Observei que a rede era uma forma de fortalecimento e divulgação da cultura indígena, uma forma de projetá-la para o mundo”.
Acerca do uso das tecnologias e dos espaços oferecidos pelo Programa, Potyra Tê Tupinambá enfatiza o que já vem sendo discutido durante todos os dias: “É preciso usar a Internet de forma consciente, para que ela não seja apenas uma ferramenta de brincadeira, mas um instrumento em prol da nossa cultura”, argumentou.
Outros projetos que contam com a mobilização e articulação dos participantes e das tecnologias digitais, como Índio Educa, Oca Digital, Pelas Mulheres Indígenas e RISADA, foram comentados.
Foi interessante perceber o desenvolvimento dos indígenas e da Thydêwá alinhado ao desenvolvimento das tecnologias. “Tínhamos projetos há 12 anos atrás que eram realizados com fitas cassetes, hoje estamos trabalhando com a apropriação dos Tablets”, comentou Sebastian Gerlic, presidente da ONG.
“Pontos de Cultura não são $yber Café ou uma Lan House, onde o tempo e a comunicação são colocados como mercadorias, orientadas pelo individualismo”, ressaltou Sebastian, mostrando dois banners pendurados na parede da Thydêwá que tratavam a respeito disso.
Após o almoço o grupo foi dividido em dois, enquanto um participante de cada etnia participava de uma oficina de apropriação tecnológica, outro cuidava da parte burocrática da implantação de um Ponto de Cultura dentro de suas aldeias, junto a Cristiano Passos e equipe da Thydêwá.
Na oficina de apropriação, ministrada por Magno Tupinambá, alguns indígenas instalaram a distribuição do Junta Dados nos computadores, enquanto outros se debruçavam em conhecer as ferramentas que iriam trabalhar. O funcionamento das máquinas, do projetor e das câmeras digitais adquiridas para cada um dos Pontos foi apresentado, além de uma imersão nos potenciais que a distribuição instalada nos computadores oferece.
Após isso, todos reunidos voltaram a discutir sobre a importância da atuação do conselho gestor de cada Ponto e aproveitaram para construir em conjunto os termos de uso dos equipamentos, o que aconteceria caso algum fosse roubado, como serão entregues os relatórios de atividades, entre outras questões importantes de gestão.
Na manhã do 2° dia do Encontro do Programa Mensagem da Terra, como todos os dias, foi feito um ritual de abertura indígena, com cânticos em roda. Inicialmente, foi discutida a importância do evento Teia Nacional de Pontos de Cultura para a visibilidade e representatividade dos indígenas. Deborah Castor, consultora de culturas indígenas da Coordenação Geral de Programas e Projetos Culturais da SCDC (CGPPC), sugeriu que fosse levado, ao encontro nacional, relatos e registros, em audiovisual por exemplo, da situação tupinambá.
Nhenhety Kariri Xocó, sócio da Thydêwá, abriu o Moytará, apresentando o seu significado. Moytará é uma palavra indígena que significa troca. Esta era uma tradição entre os indígenas da caatinga e da Mata Atlântica, que se encontravam uma vez por ano para trocar produtos da florestas. “Moytará é a história da caçada tradicional”, resumiu. Ele sugeriu fazer um moytará com produtos da tecnologia – livros, cds, vídeos e que a rede de Pontos de Cultura Indígenas será como um Moytará, pois trocará também com outras redes, como a Índio Educa e a RISADA. Alguns indígenas apresentaram os produtos que trouxeram para trocar: frutos, sementes, raízes, livros, etc.
Naiara Tukano, representante indígena do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC-MinC), apresentou o Conselho enquanto um espaço de participação e controle social perante o Minc. “Embora tenha um caráter consultivo e não tenha poder de decisão, é um avanço do diálogo entre governo e sociedade civil”, afirmou.
O debate circulou na importância da escolha de representantes dos povos indígenas que estejam comprometidos com a comunidade e a importância de se mobilizar. “Quando a gente pensa em Estado, representatividade é muito difícil. Mas nós enquanto indígenas temos que saber que aquele espaço também é nosso”, disse Naiara, diante das reflexões e exemplos trazidos pelos indígenas. Joel Braz, nome indígena Xarru Ingorá Pataxó, apontou que existe uma dificuldade para se mobilizar: “As pessoas precisam de muita garra e muito pulso para levar um movimento para frente. Não é qualquer coisa não.”
Foi trazida para a roda a extrema importância de ações e alternativas que sejam feitas a partir da base, de dentro da comunidade. Yakui Tupinambá atentou para a necessidade de mobilizar os jovens: “O que nós observamos é que nós precisamos de um movimento com os jovens indígenas .Muitos dos nossos estão se deixando levar. É uma continuação do processo de colonização.”
Diante das dificuldades apontadas para a mobilização e luta indígena, Naiara comentou: “O valor dos povos tradicionais é o valor humano. Nós não somos separados, somos pele vermelha e a luta é única. Quando se fala dos indígenas, se esquecem de falar de todos os atentados que sofremos diariamente. Por exemplo, ser agredido na rua, não ter comida e escola para nossas crianças.” “Existem ainda seres humanos que podemos chamar de gente, estão envolvidos, comprometidos nestas questões para diminuir a desigualdade social”, concluiu Yakuy Tupinambá.
Já fechando a manhã, Deborah apresentou o Plano Setorial de Políticas para os Povos Indígenas e suas três ações centrais: manutenção e transmissão de saberes e práticas indígenas, cultura e economia criativa – inserção da cultura tradicional na merenda indígena, e gestão e participação Social.
No período da tarde, na Oca externa, uma nova roda de apresentação foi iniciada para receber Cristiano Passos, da Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações. Os Tupinambá o deixaram a par da realidade violenta que os indígenas da etnia vêm sofrendo.
“Indígena nunca deixou de ser morto no Brasil”, afirmou Yakuy Tupinambá, que citou os diversos tipos de violência que o povo tem passado. Entre elas o medo, a perda do direito de ir e vir e o dia a dia sob pressão.
Logo após foi iniciado a discussão sobre o Ponto de Cultura dos sonhos de cada uma das comunidades, que encontraram em comum a oportunidade de ter ali um instrumento capaz de aproximar as gerações.
Encontramos também outros sonhos importantes, como o resgate e o fortalecimento cultural, a criação de cineclubes, a criação de oficinas de artesanato, história e agricultura, o fortalecimento da memória, o despertar o interesse pela luta, a possibilidade de melhorar a divulgação da realidade indígena, a emergência de uma sensibilização da sociedade para a causa indígena, a desmistificação do ser índio, a importância de incentivar a liberdade e o uso consciente das tecnologias e a abertura de um espaço de denúncia.
Também foi discutido, em conjunto, como seria o funcionamento de cada Ponto.
Após o intervalo, Sebastian Gerlic, presidente da ONG Thydêwá, ofereceu uma oficina de Fotografia, levando em conta os registros étnicos e as fotos como instrumento de luta, denúncia e capaz de transmitir mensagens. O dia encerrou após o por-do-sol com um ritual.
No último dia do I Encontro Pelas Mulheres Indígenas foram retomadas as demandas apontadas pelas participantes durante a semana e discutido quais seriam as próximas ações dentro das comunidades. As mulheres também avaliaram como foi a semana, e sugeriram quais temas gostariam de tratar nos próximos encontros. Em uma votação foi definido os temas sexualidade e gestação para o próximo encontro que ocorrerá no mês de maio.
Para encerrar, todas as mãos se uniram em uma roda de despedida, onde cada participante pôde contar um pouquinho sobre como foi a experiência e o que espera para os próximos meses em que estaremos reunidas. Maria Cristina, psicóloga sócia da organização “Profesionales Latinoamericanos contra el Abuso de Poder”, terminou com uma frase inspiradora para todas: “Toda reunião em que se encontrem somente mulheres é transformadora e revolucionária por si só”
*Este projeto é patrocinado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Secretaria da Presidência República.
Segunda-feira, 17 de fevereiro, 28 mulheres reunidas. Diferentes etnias, comunidades, cidades, Estados e até país. Todas aprendendo juntas o que é ser Pelas Mulheres Indígenas.
Às 8h30 da manhã, tia Maya, Pataxó Hãhãhãe, a mais velha de todas as participantes, puxa o ritual. Começa com uma oração, seguida por um canto. Pontual em sua sabedoria, tia Mayá fez um ritual que eu nunca tinha presenciado antes. Balançou o maracá e passou para Marlene Pataxó, que passou para Maria Cristina, argentina, que passou para Joana, coordenadora do projeto, que passou para a mulher ao lado e assim por diante. Vinte e sete mulheres (uma chegou após o ritual) balançaram o maracá selando uma parceria que começava ali naquele instante.
Os objetivos que uniam todas as mulheres ali foram partilhados. Entre os objetivos, histórias pessoais da vida de cada envolvida veio à tona, entre emoções, sorrisos e sororidade das participantes. As histórias foram sentidas, compartilhadas, vivenciadas e trazida das profundezas de cada uma. Tudo isso e a semana está apenas começando.
*Este projeto é patrocinado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Secretaria da Presidência República.