I Dia do Encontro de Jovens Indígenas: juntos criando livros digitais

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Dezesseis jovens não sabiam muito bem o que aguardavam eles quando se encontraram hoje, às 8h da sede da Thydêwá. Construir um coletivo é sempre algo surpreendente. Não se sabe no que resulta quando pessoas se reúnem com suas peculiaridades para criar. A ideia é que no final de um ano tenhamos dois livros digitais e uma produtora colaborativa. Como vamos construir isso? Juntos descobriremos.

O dia iniciou com um ritual indígena – cantos e maracás, pedido às bençãos de Tupã para o encontro e para todos os parentes. Uma roda de aprensentações, para cada um falar um pouquinho sobre si mesmo, de onde veio, de sua tribo. Dan Baron, arte educador, dá seguimento – propõe dedicarmos esses dias à troca, formação e produção.

A ideia para os próximos dias é compreender através de práticas corporais a beleza, a diversidade e o valor de cada um. Fazemos duplas, fazemos grupos. Começamos com uma dança. Abrindo o coração, agradecendo ao sol, arando a terra, plantando a semente. Colhendo e compartilhando com o próximo. Formamos um losango, ou uma pipa como foi chamado carinhosamente, e ela gira e cada instante um do grupo está na liderança. A música toca o tambor. Todos se mexem e todos sorriem. Quase todos transpiram na Oca Aberta, sob teto de piaçava, com o pé descalço na terra escura.

Antes do almoço fazemos estátuas. O tema? “Qual o direito humano você quer que seja respeitado aqui neste espaço, neste encontro?” União, liberdade, solidariedade, direito de interagir, de ficar em silêncio, de ajudar e ser ajudado, de atender às necessidades físicas, à compreensão – falar e escutar.

“Estamos perdendo aqui 514 anos de vergonha. Diante da força maior das armas, tivemos que baixar os olhos. A timidez é a força da resistência quando não se pode vencer. É uma inteligência naquele momento. Agora, podemos nos livrar dessa vergonha e resgatar nossa força”, reflete Dan sobre os sorrisos da alegria que vão surgindo com a dança.

Saimos para o almoço com a missão de fazer fotos e sons. À tarde, a brincadeira é com as imagens. Mas é uma brincadeira séria – imagens que registram dor, exploração, resistência, luta. Mulheres banham-se no Rio Tocatins, que está sendo afetado pela barragem Belo Monte, e em breve não estará mais lá como está. “Se nós não lutarmos hoje, o amanhã já estará perdido”, observa Waldirlan Pataxó. Fica a mensagem para pensar.

À noite, ao redor da fogueira, cantamos mais algumas canções para abençoar os dias que virão e formamos uma roda de contação de histórias multiétnicas, misturando gerações, vendo com graça e beleza surgir a união das forças dos jovens antenados com os anciões guardiões das memórias tradicionais.

* O projeto tem o apoio do Fundo Internacional para a Diversidade Cultural (IFCD) da Convenção de 2005 sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO. A inciativa conta também com o apoiodo PONTÃO ESPERANÇA DA TERRA e com a Rede de Pontos Indígenas do Nordeste, ambos projetos da Thydêwá em parceria com a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.

 

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