[fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”MUNDO CIRCULAR”][/note]

 

Os indios kariri-xoco do municipio de Porto Real do Colégio,Alagoas,são na realidade um grupo de origem plurietnica formado por força,dos Acunã,Carapotó,Tupinambá,Xocó,Funi-ô. A aldeia de colégio,constitui um conglomerado heterogêneo formado por diferentes grupos tribais com lingua diferentes.Os Kariri-Xocó podem ser considerados como membros do grupo dialetal Dzubukua ou Abacatiaros(os Kariri do R. São Francisco).O nosso universo representa-se em forma de círculo. Como visão cultural nosso mundo é um “ Horizonte Circular”, de cor azul com a Aldeia Kariri-Xocó no centro do universo tribal , o meio ambiente e o Rio São Francisco passando pelo meio completando esse ecossistema. Toda a nossa aprendizagem é baseada no círculo. O círculo do nascimento, crescimento e desenvolvimento que culmina com a evolução. Para ser um pescador inicia-se a aprendizagem com a criança fazendo artefatos de pesca construindo anzóis, redes, armadilhas. E quando adultos tornam-se hábeis pescadores, fechando assim o círculo da pesca. Para ser uma ceramista as meninas aprendem com as mães a arte de modelar o barro, aprendem técnicas tradicionais de confeccionar potes, panelas, frigideiras e de pintura dos objetos. Mas a sua aprovação como ceramistas é quando se

tornam adultas dominando toda a arte e fechando assim o círculo de cerâmica.

Nossas palavras neste livro vem dar continuidade à formação dos círculos da vida da cultura indígena.

O território tradicional é sagrado para o povo,nele está a aldeia o centro do mundo tribal,nos arredores a floresta,as lagoas,rio,serras e montes. Mas alguns se perguntam;que tamanho tem nossa terra? Qual o seu limite?Qual a forma da terra,quadrada ou redonda?Qual o marco divisor? Estas perguntas o ancião respondeu ao homem branco no passado.O europeu perguntou ao índio, qual o tamanho da terra de seu povo? O índio respondeu: “O Sol nasce e se põe em nossas terras,a linha do horizonte é o limite,onde o céu se encontra com a terra,de forma circular, porque o nosso mundo é redondo. Aqui tem Sol, Lua, estrelas,nuvens, chuva,serras,diferentes de outros lugares “.Continuando a aldeia é o centro do mundo tribal,ela fica no meio da terra,o povo no passado circulava todo esse território, morando aqui e ali, acompanhando as caças. No princípio deram nomes aos lugares,quando avistavam uma serra, perguntavam que nome vamos dar, naquele momento cantava um gavião,e davam o nome “Serra do Gavião”,chegavam numa lagoa, como chamaremos este lugar,existia muito jacarés,e denominavam ” Lagoa do Jacaré “,eles caçando em outro local viram uma onça entrar na gruta , e chamaram ” Gruta da Onça “.Nossa terra está toda registrada pelo nosso povo, os lugares tem nomes colocados por eles,lugares de fartura,de alegria, campos de batalhas,cemitério,e lugares de tristezas. A terra traz nossa cultura, o tamanho de nossa terra é de acordo com as nossas necessidades, físicas, biológicas e culturais . A área de ocupação tribal não se limita só na aldeia, lugar de habitação, vai além disso. Esta delimitação estão incluídas as áreas de roças, de pesca, sítios de frutas, fonte do barro para cerâmica, lugar da caças, ninhal de aves e pássaros pois a necessidade das penas para os cocares era uma questão cultural. Em certos pontos do território tribal tinha lugares onde desenvolvem determinadas espécies de seres vivos requisitados pela cultura. Tinha o lugar onde as abelhas moravam, o local das araras, dos macacos, das antas , das cutias, dos porco-do-mato, todos adaptados aos seus habitat natural. O próprio ambiente como a floresta tem seus ecossistemas: lagoas, várzeas, brejo, ilhas, mata alta. Tem lugares como os bancos de ervas medicinais, banco de macambira. No rio existe o lugar dos piaus, das xiras, dos mandins, dos pitús, das tartarugas. O meio ambiente organizava o território tribal de acordo com a seleção natural e a evolução das espécies no ecossistema. Nhenety Kariri-Xocó.

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”VÁRZEA DO ITIÚBA E AS LAGOAS”][/note]

Ao Sul de nosso território tradicional, tínhamos uma área de inundação natural, um ecossistema, do tipo pantanal de aproximadamente 1125 hectares, denominado ” Várzea do Itiúba”. Esse ecossistema é alimentado pelo rios Itiúba e São Francisco, antes das desapropriações em 1975, pela CODEVASF – Companhia do Vale do São Francisco, era um rico habitat de animais e vegetais das terras inundáveis. Pela diversidade da época , o ambiente propício para aves, peixes , mamíferos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas. Entre as espécies encontradas tínhamos: Nas AVES: Socó, maçarico, urubu-rei, carão, marreco, pato selvagem,pata-choca, chupa, gaviões, garça, galo d água, paturí. Nos MAMÍFEROS:capivara, lontra,guaxinim, furão, paca, cutia, rato-de-arroz, punaré, onças. Nos ANFÍBIOS: gia-caçote, gia-de-padre,sapos, pererecas. Os RÉPTEIS: iguana(camaleão), cágados, Cobra-d água,jacaré-de-papo-amarelo, jaracuçú-de-papo-amarelo,jaracuçú-de-papo-verde, giricuá,jaracuçú-tinga, jaracuçú-maia-de-sapo, jibóia. PEIXES: surubins, mandins, traíras,piabas, lambiá, sarapó, guida, caboge, piranha, capadinho, crumatá, pacõmõn, niquim, jundiá,etc. Neste ambiente cerca de 2000 famílias da região tiravam seu sustento, da pesca e da caça. As pessoas mais pobres de Porto Real do Colégio, de lá recorriam para buscar o alimento, inclusive os índios Kariri-Xocó. Principalmente os indígenas que moravam na Colônia, porque ficava mais perto do lugar. Quando os rios Itiúba e São Francisco enchiam, saiam á noite para pescar aragú, e peixes miúdos para saciar a fome. Quando a CODEVASF chegou tudo mudou, as terras alagadas, foram transformadas em lotes irrigados de plantação de arroz, no chamado Projeto de Irrigação do Itiúba. Com o desenvolvimento a área foi dividida em cerca de 300 lotes para famílias de parceleiros. A natureza por si só sustentava 2000 famílias, com seu diversidade, e riquezas, de tudo tinha um pouco, nunca faltava alimento na indústria ambiental. As ceramistas da aldeia Kariri-Xocó, conhecem os tipos da terra, boa para a cerâmica, procuram com antecedência a qualidade da argila. O barro de pote é uma argila mais escura, macia, sem areia, o” barreiro fonte da argila”, fica sempre localizado nas margens das lagoas. O Tauá argila amarela, a fonte está na beira do Rio São Francisco, serve para banhar o pote no alisamento com mucunã. Barro de panela é uma argila vermelha, arenosa, muito forte, já estar dizendo serve para panela, frigideira, aguenta muito fogo, sua fonte está no caminho da roça de Zé Taré e de Nê. O tauá branco, serve para pintar, só tem na Serra da Maraba, serve para tingir os objetos cerâmicos. Os barreiros são bem cuidados pelas ceramistas, deixam limpos sem matos, para não misturar, nem alterar a qualidade da argila. O barro serve para a cerâmica utilitária quanto para à Olaria de tijolos e telhas. As mulheres Kariri-Xocó, transportam a argila dos barreiros para sua casas, em balaios de cipós, as meninas carregam em cestas pequenas e o barro em torrões.Nhenety Kariri-Xocó.

 

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”TROVOADAS NO RIO”][/note]

Aqui no Baixo São Francisco, as primeiras pancadas de trovoadas, começam de novembro a janeiro. Pode cair em qualquer um destes meses, vai depender da natureza, das massas de ar, vindas do oceano Atlântico. Quando vem as trovoadas, os afluentes do São Francisco, aumenta o volume dágua em todo o vale. As lagoas marginais enchem com a grande quantidade de chuvas que caem na região. Os cágados dágua (tartarugas) saem do rio para as lagoas , no ciclo de reprodução. Correm pelas grotas do Cambotá, Barragem, e do Sampaio, grande quantidade de água corre pela terra, subindo as piabas, pequenos peixinhos, nadando pela força das correntezas das chuvas de trovoadas. O céu fica escuro, a noite vem depressa, as pessoas não saem de casa, por medo dos relâmpagos. Quando as trovoadas vem no mês de janeiro, pega muita vezes os índios na Mata do Ouricuri, por ocasião de sua festa religiosa tradicional. Por ser considerada uma região de litoral, aquí em Kariri-Xocó é um local muito chuvoso, as trovoadas sempre faz presente, todos os anos, ecoando no vale e nas serras. No período das chuvas todos os afluentes do São Francisco, cerca de 168 rios, riachos e regatos, aumentam o volume dágua na bacia hidrográfica. È a chamada enchente de inverno, rios mais importantes do Baixo São Francisco como o Ypanema, Capivara, Traipú, Jacaré , Poxim e outros mais, inundam todo o vale. Na aldeia Kariri-Xocó os meninos aguardam a chegada da enchente de inverno, porque é neste período que descem no rio troncos de madeira, árvores inteiras, arrastadas pela força das águas, vindo do alto sertão. A madeira que descem no rio, os meninos e a população ribeirinha aproveitam a lenha para fazer as fogueiras de Santo Antônio, São João e São Pedro. Os meninos indígenas quando vêem os troncos descer o rio, caem na água nadando, sobem na árvore boiando, e arrasta até a margem, chamam os adultos para levar a lenha das festas juninas. Não é uma grande enchente, mas uma grande enxurrada no rio, descem no rio além da madeira, tatus, cobras, teus, camaleão e outros animais silvestres. As águas do rio ficam cheias de basculho, pau, bagaço de vegetais secos, que descem nas enxurradas. Nas portas dos indígenas ficam cheias de madeira, tiradas do rio, colocam no Sol para secar, para quando chegar o tempo das fogueiras, a lenha já ali estar. Nhenety Kariri-Xocó.

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”PESCARIA NO RIO SÃO FRANCISCO”][/note]

Lembro muito bem, em maio as mulheres Kariri-Xocó, combinando com as outras indias, para sairem ao rio pegar peixes. Entre muitos tipos de pesca existente na tribo, a “Pescaria do Caniço” (mata ciliar do rio) composta de calumbí e capim que leva o nome dessa atividade. Esta pesca é uma tradição muito antiga dos Kariri-Xocó. Saem para o Rio São Francisco dois grupos de pescadeiras de jereré, quando chega nas margens, um grupo cai na água por um lado e o outro grupo sai pelo outro lado, com um homem na frente o Cortador de mato no peito,em cada equipe. Se encontram os dois grupos formando uma meia lua, cercando o caniço com seus jererés. O peixe cercado pelas pequenas redes, é capturado à mão, quando caem no bolso da rede de pesca. Nestas pescarias de caniço era comum sair alguém mordido por piranha. Os índios começavam a pescar na margem do rio da propriedade do finado Tojal em Colégio, indo até o Povoado Tibirí na vazante de Zeca Mandú no município de São Brás. Quando estes locais de costume, já tinham sido muito pescado muitas vezes, os índios buscavam outras parágens, para pescar de caniço. Seguiam na canoa do Cacique Cícero, para pescar no Povoado Barra, Morro Vermelho, Cabo Verde, Santa Cruz, do outro lado do rio já no estado de Sergipe. Quando retornavam das pescarias, vinhas com muitos peixes, de boa qualidade: piáus, mandins, traíra, bambá. Nestas pescarias, as mulheres saiam de manhã, só retornando á noite. Cada mulher levava uma criança pra juntar o peixe pescado. A criança que participava nesta tarefa era chamado ” Ajuntador”. Não levavam comida, só o sal e a farinha, fumo, cachimbo de canudo, fósforo. Comiam lá o próprio peixe que pescavam, trazendo muito ainda para casa. A última ” Pescaria de Caniço” feita pelos Kariri-Xocó, foi em 1976, muito donos de propriedades, situadas nas margens do rio São Francisco cortaram o mato do caniço, impedindo esta atividade tão importante para este povo indígena. Os índios mais experientes no rio pescam peixes sem artifícios de pesca : anzol, tarrafa, rede ou puçá, vai de mãos limpa sem nada, mergulhar nas águas profundas, botando o braço na loca. Neste tipo de pesca precisa ter fôlego comprido, para não morrer sufocado, tem de trazer o peixe na mão ou no dente, isto é uma arte muito antiga. Não é todo tipo de peixe, que se pega de mão, tem aqueles que vivem em águas profundas do rio : niquim, carí, pacomõ, cumbá, mandim e surubim. Conta minha mãe Maria de Lourdes, que uns dos índios mais habilidosos da tribo, na arte de pescar de mergulho, era os Srs., Euclides Ferreira e o finado Filintro, começavam de manhãzinha , após o Sol nascer, pegava o peixe na cama , em sua loca submersa. Diziam as índias velhas que eles eram amigados com as mães dáguas do rio, por isso pegavam muito peixes, sem artifício nenhum. Hoje em dia os índios pescam de mergulho, com arpão, atiram no peixe de longe, com óculos aquático, agora estar mais fácil, com esta tecnologia, é feito de ferro, madeira, borracha de soro, parece uma espingarda, o tiro é certeiro. A pescaria de mergulho dar muita vantagem ao pescador, só pegam o peixe escolhido, os maiores bom de vender e comer, os pescadores passam o dia inteiro no rio, só voltam ao entardecer. Para pescar de mergulho a água tem que estar clara e limpa, para ver o peixe e pegar , com água barrenta fica difícil enxergar, nos meses de inverno não é bom pescar, os afluentes do Rio São Francisco, deságuam na Bacia Hidrográfica, deixando a água amarela de cor de barro, mas isso é coisa da natureza , agradecemos pela fartura , que um dia virá. Nas lagoas existente da aldeia Kariri-Xocó, a Lagoa Comprida é aquela que banha o pé do Morro do Alto do Bode antigo local onde ficava o Ouricuri em cima de seu topo. Nhenety Kariri-Xocó .

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”A PESCARIA NAS LAGOAS”][/note]
Nesta lagoa o Rio São Francisco enche em novembro, logo bota água inundando toda a depressão natural. Os peixes entram em cardumes : bambas, mandins, traíras, piranhas, piaus até surubins. Em setembro os peixes já estão crescidos, os pescadores, tecem seu cuvús ( artifício de pesca ) dos Kariri-Xocó, feito de vara do arbusto maçâzeira, tipo funil com uma abertura em cima para colocar a mão e capturar o peixe. Homens pescadores começam a tecer o artifício, com cipó de rego, amarrado com embira de mororó,as cordas de caroá é para tecer a boca do cuvú, terminado o tecimento estar pronto para pescar.Os pescadores combinam-se para a pescar, já foram feita várias pescaria no local, mas foi de outras categorias : pescaria de tarrafa, pescaria de anzol, pescaria de rede, agora chegou a hora da pescaria de cuvú. Esta pesca consiste quando a lagoa está com águas rasas, para facilitar a técnica de captura dos peixes de lama : traíra, mamdim, cará e piranha. Algumas pessoas saem mordidos de piranha, são ferimentos horríveis pelos dentes cortantes do peixe carnívoro. A técnica de pescar com o cuvú é o seguinte: ‘’ o pescador coloca o artifício na água, o peixe que estiver dentro da armadilha é capturado pelo pescador “. Entre os pescadores que mais se destacaram neste tipo de pescaria temos os Srs. Tuninho, Zeca, Elpídio, Antônio Tinga e Zé Pôô. Os peixes era colocados numa corda denominada enfieira, onde o pescado ficava pendurado pela cabeça, muitos pescadores pegavam dez, quinze , vinte quilos de peixes. A pesca é uma arte de sobrevivência muito ussada pelos Kariri-Xocó, por serem povos de cultura do Rio São Francisco, desenvolveram técnicas de captura do peixe , sua principal fonte de alimento. As lagoas existente na área indígena facilita essa atividade, feita por pessoas do sexo feminino, as mulheres pegam suas panelas de barro, amarra uma corda na boca da vasilha e vam pescar de mão. Elas entram na lagoa com águas rasas, se abaixa e começam a procurar o peixe na lama, loca, ou no mato aquático orelha de burro. Ao encontrar o peixe pega-o na parte da cabeça , enfiando os dedos nas guerra para não escapar a pressa, coloca na panela e continua pescando. Os peixes capturados na pesca de mão pelas mulheres, são geralmente de espécies pequenas : cará, mandim, traíra , piaba, esporapé, etc. As mulheres faz essa pescaria quando a lagoa já foi pescada pelos homens, com outros tipos de pesca como : pesca de cuvú, pesca de jereré, pesca de anzol, pesca de tarrafa, e de rede. Chamam os pequeno peixes de moqueca ( peixes miúdos) que restaram na lagoa, que os pescadores não poderam pegar com seus artifícios. Entre as mulheres indígenas que mais se destacaram na pescaria de mão, foi a finada Laudilina, irmã do Pajé Francisco Queiroz Suíra. Nossas lagoas: Lagoa Comprida, Lagoa dos Porcos, Lagoa dos Tijolos, Cordeiro, Lagoa Grande, e outras que estão nas mãos de posseiros. Todas essas lagoas as mulheres indígenas quando estava sem nada para comer, saiam rapidinho atrás de casa e diziam uma para as outras: “ mulher vamos pescar de mão” para pegar uma moqueca. Nhenety Kariri-Xocó .

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”AS TRIBOS DO SÃO FRANCISCO”][/note]

No século XVII, o vale do São Francisco estava ocupado por vários grupos indígenas: No Baixo São Francisco estavam os Natu, Caxagó, Kariri, Aconan, Karapotó e Xocó. No Médio São Francisco estavam os Abacatiara, Vouvé, Romariz e Prakió. No Alto São Francisco, Xacriabá, Tuxá, Rodela, Pankararú e outros. As tribos foram quase dizimadas pelos curraleiros, criadores de gado, fazendeiros e bandeirantes, que ocuparam o Rio São Francisco em território indígena, para fazer propriedades. Na falta da mão-de-obra colonial, os indígenas foram utilizados nos engenhos de cana-de-açúcar no trabalho escravo, inicialmente no litoral. No sertão do São Francisco os indígenas foram servir aos fazendeiros na criação de gado, trabalhando como vaqueiros e boiadeiros. Muitas tribos foram dizimadas pelos bandeirantes por resistência do indígena à exploração, teve grupos que fugiram para o Norte. Outras tribos foram obrigadas a aceitar essa nova condição de vida ou a miscigenação, transformando aldeias em povoados, vilas, que já na época da república passaram a ser cidade. As tribos sobreviventes estão no sangue brasileiro. Tradicionalmente a tribo abria na floresta uma clareira para construção da aldeia ou plantar suas roças comunitárias, usavam artefatos naturais com sua marca cultural. Com a instalação portuguesa no Brasil, uma série de instrumentos, objetos da cultura européia foi introduzida entre as tribos. Muitos objetos substituíram os já usados pelos índios há milênios . O cocar pelo chapéu, a tanga de palha pela calça de pano, o arco e flecha pela espingarda, o colar de dentes e sementes pelo de metal. A maloca coletiva pela casa privada para um só casal, a rede de dormir ou esteira pela cama, a lasca de pedra pelo machado de ferro, o espelho de reflexo d água por um espelho de vidro. Aos poucos com o capitalismo vieram produtos industrializados, o mel das abelhas pelo açúcar de cana, a canoa utilizada pelos índios foi trocada pelo carro de boi. Foram incorporados nos elementos da cultura européia, o café, o moinho de cereais substitui o pilão, o baú no lugar dos balaios de cipó, a enxada no lugar de cavadores de madeira. Outras vezes as atividades tradicionalmente mudaram de sistema, porque foi destruídas as florestas, de onde vinha todos os produtos da cultura indígena.Nhenety Kariri-Xocó.

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”TERRA DIVIDIDA E VENDIDA”][/note]

A política do Governo Imperial e da República, regularizando a situação de invasores do território indígena através da venda de lotes, porque suas áreas foram transformadas em terras públicas. Ordena que sejam demarcadas as terras devolutas com vista a formação de propriedades para exploração agrícola. A população indígena de Alagoas perde os direitos de donos do território. O processo de expropriação reduziu a população indígena á condição de vender sua força de trabalho aos proprietários da região. A exploração levou ao longo dos anos, a população indígena a se fixar numa rua da periferia da cidade de Porto Real do Colégio. Levando o peso da discriminação este espaço urbano ficou conhecido como “Rua dos Caboclos”, pela população da cidade. Anos depois o prefeito local deu nome de “Rua São Vicente”, nos registros oficiais. Após o reconhecimento da população indígena pelo S.P.I. a rua passou a ser chamada ” Rua dos Índios ” .O Governo Federal ordena a demarcação das ” Terras Devolutas ” de Porto Real do Colégio e São Brás, cedido em acordo pelo Estado de Alagoas a parti de 1914. Regulariza venda de “lotes “, a invasão de patrimônio do estado para instalar um Centro Agrícola, que deveria orientar os agricultores. As terras loteadas e vendidas aos posseiros já instalados na região. Terras da antiga aldeia indígena localizada nos municípios de Porto Real do Colégio e São Brás, totalizando 6000 hectares do que resta. Legaliza antigas posses, de invasões em diferentes épocas, do território indígena. A regulamentação de posses, por pagamentos pelas leis promulgadas em 21 de abril de 1923, que cria o Serviço do Algodão ou Plantas Texteis. Em 1931 as leis regulamenta as últimas terras para os posseiros de Porto Real do Colégio e São Brás. Complementa a expropriação dos índios por critérios raciais foram expulsos da terra, ficam só a condição de meeiros ou alugados trabalhando em propriedades alheias. Os posseiros foram cercando as terras com arame, só ficando para os índios o local da Mata do Ouricuri, do ritual sagrado com aproximadamente 200 hectares. A expropriação reduziu os índios de Porto Real do Colégio a ter de vender sua força de trabalho aos proprietários da região. Os pequenos produtores de algodão,arroz, milho, cana e criadores de gado, que compraram lotes de maior extensão. Mas os indígenas vão se tornar mão-de-obra barata aos grandes produtores fora da aldeia, em outros municípios e até em outros estados. Em 1933, os trabalhadores indígenas, vão trabalhar de alugados na limpa ou colheita do algodão, para as fazendas e propriedade dos posseiros. Em 1936 índios de Colégio trabalham na olaria na confecção de tijolos e telhas para a construção da Fábrica de Beneficiamento de Arroz na ” Rua dos Caboclos”, já que são a mão-de-obra barata. Em 1941, os indígenas trabalhavam na Fazenda Federal Fomento Agrícola, na limpa do algodão e milho, como também na colheita da produção. Em 1951, os indíos de Colégio iriam trabalhar na Fazenda São Bento do Sr.Ilário Veiga, na limpa de algodão. Na “Rua dos Índios”, em 1954, o dono da Fábrica de Beneficamento de Arroz e Algodão, contrata o serviço dos indígenas no transporte da produção. Em 1962 cerca de 50 índios de porto Real do Colégio vão trabalhar na Fazenda Lagoa Grande no Estado de Sergipe. O serviço era arrancar touco de mameleiro de mão, numa região infestada de cascavéis. Por falta de trabalho parte dos índios foram chamados para a Fazenda Capiatã da Usina Coruripe no município de Junqueiro-Al., em 1965. O serviço era a limpa de cana, faixa de fogo,coivara, roço e terra planagem . Nhenety Kariri-Xocó.

 

 

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][note title=”ALDEIA SE TRANSFORMA EM CIDADE”][/note]

No princípio da história indígena, as tribos viviam em aldeias tradicionais de forma circular, com um terreiro no centro, malocas coletivas que abrigavam centenas de famílias. Logo após a chegada dos portugueses as coisas mudaram, vieram os padres jesuítas e mudou toda a estrutura social e cultural. No lugar da aldeia circular os padres jesuítas juntamente com portugueses construíram ruas retas, lineares, no centro da aldeia edificaram uma capela rústica, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. A capela foi transformada em igreja símbolo da nova religião, no lugar do pajé chefe espiritual indígena foi colocado o padre sacerdote cristão. Para substituir o cacique chefe político tradicional foi colocado o Capitão-Mor autoridade militar do Império, agora presente na tribo. Os nomes dos indígenas na língua materna, foi mudada para nomes portugueses, José, Maria, João e Pedro. Até o nome da aldeia Kariri foi mudado para Colégio . As famílias de portugueses afastou os indígenas do centro da aldeia para a periferia. O Aldeamento cresceu com a chegada dos brancos, missionários depois os diretores da aldeia arrendaram as terras dos índios, que logo passaram a chamar-lhes de caboclos para tirar os direitos indígenas, política discriminatória com fins de posse do território.A aglomeração urbana passou a chamar-se povoação, porque era assim o modelo trazido da Europa. Na Província de Alagoas as aldeias indígena foram transformadas em vilas a parti de 1873 por ordem do Império do Brasil, dando origem as cidades. Aqui aconteceu em 7 de julho de 1876 criando a Vila de Porto Real do Colégio. Agora com a criação da cidade instalou-se o Governo Local da Intendência, época de muita dificuldade para os índios, sem proteção, sem terra e sem direitos, descriminados numa rua da periferia. Com passar do tempo a vieram os prefeitos para governar o município, a aldeia era apenas uma lembrança na Memória do Povo Indígena e regional. Os índios Kariri-Xocó foram a luta e reconhecidos novamente como indígenas e seus direitos sobre a terra aos poucos conquistados até reconquistar parte de seu antigo espaço, falta ainda finalizar a reocupação do Território Tradicional, resta a homologação da Terra Indígena . Nhenety Kariri-Xocó[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]