Na ESCOLA LIVRE ABYA YALA compartilhamos sabedorias; em gestão coletiva, multicultural e participativa, que transcende fronteiras geográficas e linguísticas. Com base na verdade herdada de tempos imemoriais, pelos Povos Indígenas de Abya Yala, no cuidado e respeito à Nossa Mãe Terra, valorizando as diversidades e valorizando as riquezas étnicas de nossos territórios. Um espaço híbrido de espiritualidade, ancestralidade e tecnologia.
“Adotamos os paradigmas de: Bem Viver, Etnoeducação e a Pedagogia da Mãe Terra, construindo juntos uma escola curadora, emancipadora, colaborativa, destinada aos indígenas que desejam aprofundar suas raízes e estender suas asas.
Este projeto nasce da Rede “De Abya Yala com Amor”, com a força da ONG Thydêwá, estabelecida no atual território do Brasil; com o apoio da Comunidade Indígena Tulián da Argentina, da Associação Calaucán do Chile e da Fundação Guanchuro do Equador, e o suporte de outros coletivos e artistas de diversos países e Povos Indígenas de Abya Yala.
A ESCOLA LIVRE ABYA YALA nasce para fortalecer a espiritualidade e identidade dos Povos Indígenas de Abya Yala, com o objetivo de dotá-los de ferramentas digitais para transformar suas memórias orais em mensagens de amor, paz e segurança, para toda a humanidade.
Nossa Escola Livre é uma oportunidade para construir um novo paradigma, com a particularidade de que nossa Escola ocorre em um espaço virtual diversidade, espiritualidade, ancestralidade e tecnologia.
Foram muitos sonhos compartilhados e muitos diálogos que nos levaram e continuam nos levando à construção de nossa ESCOLA. Abaixo, um pouco de nossa revisão e percurso.
Definição de PARADIGMA:
Em um sentido geral, um paradigma refere-se a um modelo ou padrão que serve como exemplo ou referência para entender e abordar um conjunto particular de problemas ou fenômenos. Também pode ser compreendido como um conjunto de crenças, práticas e suposições que guiam a maneira como as pessoas abordam um campo específico de estudo ou disciplina.
A noção de paradigma tem sido utilizada em diferentes contextos, incluindo filosofia, ciência, cultura, educação e linguística. Thomas Kuhn, em sua obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”, popularizou o termo no contexto científico, onde um paradigma representa um conjunto de crenças e práticas compartilhadas por uma comunidade científica em um momento dado. Kuhn sugeriu que as revoluções científicas ocorrem quando um paradigma existente é substituído por um novo que redefine a maneira como os cientistas veem o mundo e abordam suas pesquisas.
Um paradigma educativo refere-se ao conjunto de crenças, valores, teorias e práticas que influenciam a forma como a educação é concebida e realizada em um determinado contexto ou sistema educacional. Esse conjunto de elementos define a visão geral de como o processo educativo é entendido, os objetivos da educação, as relações entre professores e alunos, bem como as metodologias pedagógicas.
Os paradigmas educativos podem variar significativamente entre diferentes culturas, épocas e sistemas educacionais. Alguns exemplos de paradigmas educativos poderiam incluir:
É importante notar que esses paradigmas não são mutuamente exclusivos e muitas vezes se sobrepõem na prática. Além disso, a evolução dos paradigmas educativos reflete mudanças na compreensão da pedagogia e nas necessidades da sociedade ao longo do tempo. Por outro lado, nenhum desses paradigmas inclui a visão dos Povos Indígenas.
No campo da Educação Intercultural Bilíngue, temos dois paradigmas muito popularizados: ETNOEDUCAÇÃO e PEDAGOGIA DA MÃE TERRA.
A etnoeducação refere-se a uma abordagem educacional que reconhece e valoriza as culturas e saberes de grupos étnicos específicos, promovendo a interculturalidade e a inclusão das perspectivas culturais e tradicionais no processo educativo. Este paradigma surge como resposta à diversidade cultural presente em muitas sociedades, reconhecendo a importância de respeitar e preservar as identidades culturais no âmbito educacional.
Algumas características-chave do paradigma de etnoeducação incluem:
É importante destacar que a etnoeducação varia em sua aplicação e abordagem, dependendo do contexto cultural e social específico em que é implementada. Este paradigma busca superar práticas educativas que possam contribuir para a discriminação cultural e promover um ambiente educacional mais inclusivo e respeitoso da diversidade. Embora geralmente seja aplicada a grupos étnicos específicos e não deixe de ser etnocêntrica, o Etnocentrismo continua sendo o eixo central do paradigma.
A pedagogia da Mãe Terra é uma abordagem educacional inspirada nas cosmovisões e saberes de culturas indígenas e comunidades que têm uma conexão profunda com a natureza. Este paradigma reconhece a importância de aprender da própria Terra como fonte de conhecimento, valores e ensinamentos. Abaixo estão alguns aspectos-chave da pedagogia da Mãe Terra:
Este paradigma busca fornecer uma alternativa aos enfoques educativos convencionais, destacando a importância da relação entre a educação e o ambiente natural. Através da pedagogia da Mãe Terra, busca-se cultivar uma compreensão mais profunda e respeitosa do nosso ambiente e promover a sustentabilidade e o equilíbrio com a natureza.
Em palavras simples, um paradigma é um modelo, padrão ou conjunto de crenças que influencia a maneira como as pessoas percebem, compreendem e abordam uma área específica de conhecimento ou um conjunto particular de problemas. Os paradigmas nos definem, nos condicionam e justificam desigualdades. No entanto, ainda não foi desenvolvido um paradigma integral destinado a incorporar tudo o que os Povos Indígenas necessitam que a Educação contenha, um paradigma integrador e holístico. Então… Por que não propor um paradigma próprio?
Nossa Escola Livre é diversa, inclusiva, intercultural, pluricultural, multicultural e plurilíngue. É gerida de forma participativa, buscando criar espaços não apenas para líderes e membros dos Povos, mas também interagir com suas Comunidades de origem. É uma escola de aprendizado experiencial, prático e integrador de conhecimentos, práticas e tradições próprias de cada grupo étnico no currículo educativo.
Reconhece que esses elementos são valiosos e relevantes para o processo de ensino e aprendizagem, especialmente resgatando os saberes transmitidos de geração em geração pelos povos ancestrais.
Reconhecemos a Mãe Terra como nossa mestra fundamental, que oferece lições essenciais sobre a vida, interdependência e sustentabilidade. Valorizamos a conexão espiritual e prática dos povos com seus territórios, promovendo assim um profundo sentido de pertencimento, consciência e responsabilidade para a defesa do Bem Viver.
Nossa Escola é fundamentalmente espiritual; reconhecemos e celebramos a conexão sagrada entre os seres por meio de rituais, cerimônias, orações, oferendas, cantos e práticas ancestrais enraizadas em nossas culturas. Honramos e agradecemos à Mãe Terra por sua generosidade e sabedoria, e promovemos o desenvolvimento espiritual de nossos participantes, cultivando um profundo senso de reverência e gratidão pela vida em todas as suas formas.
Quando a Escola chegam saberes ou técnicas que “seriam consideradas como do mundo globalizado” nós indígenas nos re-apropriamos de forma crítica e sempre em benefício do bem comum tentando diminuir ao máximo o que poderiam ser as chamadas “influências negativas ou perigosas”; na reapropriação vem a transformação de alguns usos de algumas ferramentas e ou conhecimentos; e assim, com nosso uso consciente contribuimos na evolução dessas ferramentas e conhecimentos.
Esses princípios fundamentais orientam nossa missão educativa, inspirando nossa comunidade a viver em harmonia com a Mãe Terra e a trabalhar juntos em direção a um futuro justo, equitativo, sustentável e de Bem Viver para toda a humanidade.
Respeito mútuo: Todos os membros da comunidade escolar comprometem-se a tratar uns aos outros com respeito, amabilidade e empatia, independentemente da origem étnica, cultural, religiosa, gênero, orientação sexual, capacidade física ou qualquer outra característica.
Diversidade Viva e aceitação: Cultivamos a Diversidade Viva como um tesouro comum da humanidade; as diferenças individuais e culturais não devem ser apenas “toleradas”, mas compreendidas como um potencial e riqueza, promovendo um ambiente onde todos se sintam aceitos e valorizados pelo que são.
Comunicação eficaz: Comprometemo-nos a buscar canais de comunicação abertos e eficazes para resolver conflitos de maneira construtiva e promover o entendimento mútuo.
Colaboração e trabalho em equipe: Promovemos a colaboração, a cooperação e o trabalho em equipe, incentivando a aprendizagem conjunta e a valorização das forças individuais e coletivas.
Equidade e justiça: Todos buscaremos garantir que todos os participantes da Escola Livre tenham igualdade de oportunidades para acessar os cursos e diálogos propostos, recursos e apoio necessários para atingir seu máximo potencial, sem discriminação ou exclusão.
Cuidado mútuo: Comprometemo-nos a promover práticas sustentáveis e responsáveis que contribuam para o bem-estar de todos os membros da comunidade.
Resolução pacífica de conflitos: Em caso de conflitos, buscaremos a negociação e o respeito mútuo, evitando qualquer forma de violência ou agressão.
Compromisso com a inclusão: Todos os membros da comunidade escolar comprometem-se ativamente a promover uma cultura de inclusão e respeito mútuo, reconhecendo que a diversidade é uma força que enriquece a experiência educativa de todos.
Respeito online: Todos os participantes tratam uns aos outros com respeito e cortesia durante os Encontros e Cursos, evitando interrupções e buscando sempre colaborar. A inteligência coletiva que todos aprendemos é responsabilidade de todos. Não toleramos comentários ofensivos, zombarias ou qualquer forma de assédio.
Participação equitativa: Fomentamos a participação equitativa de todos os participantes durante os Encontros e Cursos, proporcionando oportunidades para que cada um possa expressar suas ideias e opiniões.
Uso responsável da tecnologia: Utilizaremos a tecnologia de maneira responsável e ética durante os Encontros e Cursos, evitando distrações desnecessárias e respeitando as normas estabelecidas pela escola para o uso de dispositivos eletrônicos.
Pontualidade e presença: Seremos pontuais e compareceremos aos Encontros dos Cursos conforme programado, respeitando e valorizando o tempo e o esforço investidos pelo facilitador e pelos demais participantes.
Autorização de uso e divulgação de imagens: A Escola Livre Abya Yala é um projeto desenvolvido por um coletivo de Diversidades Indígenas Digitais e Online. A participação nos cursos propostos implica a transmissão ao vivo dos Encontros e Cursos, bem como a divulgação de todas as imagens, áudios, textos e obras artísticas criadas no âmbito das capacitações propostas. Para participar da ESCOLA LIVRE ABYA YALA, é necessário aceitar estas condições e todos os princípios acima mencionados. Dessa forma, a ESCOLA e seus apoiadores podem usar imagens, vídeos, áudios, depoimentos, editá-los e traduzi-los para uso em publicações e divulgações por diversos meios de comunicação, distribuição, uso direto e indireto, entre outros, sendo vedado qualquer uso com fins lucrativos ou que venha a prejudicar a honra de qualquer pessoa, comunidade ou coletivo.
Adotar a wiphala como nosso símbolo é comprometer-se com a fraternidade da América Latina, diluindo as barreiras de linguagem e as fronteiras políticas. A Whipala representa a expressão política da autonomia cultural de Abya Yala.
A wiphala não é apenas uma bandeira; mais precisamente, pode-se dizer que é um emblema, um símbolo. A palavra deriva da união das palavras “wiphay”, que é um grito de triunfo, e “laphaqi”, que significa “fluir no vento”.
A wiphala tem uma forma quadrangular de sete cores, dividida em 49 quadrados, coloridos diagonalmente, baseados em designs recorrentes na simbologia andina de quadrantes encontrados em tecidos ou cerâmicas de períodos pré-hispânicos.
É o símbolo dos povos indígenas do Tahuantinsuyo, que abrange as regiões andinas da Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Existem quatro versões da wiphala, apenas diferenciadas pela ordem das cores. Cada versão representa uma das regiões do Tahuantinsuyo (“quatro territórios” em quechua). Esses territórios são: Collasuyu, Chincasuyu, Antisuyu e Cuntisuyu.
Pode-se dizer que a wiphala é o símbolo, emblema ou bandeira mais antiga da América, com mais de 1.500 anos.
Seu significado é muito complexo, pois representa a cosmogonia dos povos do Tahuantinsuyo. Simboliza dois valores fundamentais das etnias andinas: o Pachakama, um princípio de ordem universal, e a Pachamama, que se refere à Mãe Terra, ao cosmos. É um “símbolo sagrado que identifica o sistema comunitário baseado na equidade, igualdade, harmonia, solidariedade e reciprocidade”.
Significado das cores da wiphala:
As cores da wiphala são retiradas do arco-íris, que as culturas do Tahuantinsuyo interpretam como referência aos antepassados. Cada cor tem um significado específico.
Durante 2023 a REDE DE ABYA YALA COM AMOR se reuniu várias vezes para sonhar juntos a ESCOLA LIVRE e formatar um projeto. Com a primavera chegou a aprovação do Ministério da Cultura do Brasil de apoiar esta iniciativa e fechamos o ano celebrando e trabalhando.
Já em 2024 iniciamos os trabalhos a todo vapor. Este desafio nasce com a perspectiva de um primeiro ano piloto que contará com mais de 20 Cursos Livres e 200 Bolsas de Estudo.
Entre os protagonistas se destacam:
Pelo Brasil:
Kuenan Tikuna (Artista, Artivista e Comunicadora);
Kadu Tapuya (Historiador, Designer e Artista);
Horopakó Desana (Professora, Artista e Comunicadora);
Nhenety Kariri-Xocó (Guardião da memória, Pesquisador e Consultor);
Alex Potiguara (Design de Instrução);
Sebastian Gerlic (Realizador Audiovisual e Promotor Cultural);
Helder Câmara Jr. (Web Designer, Programador e Diretor de Arte);
Fernanda Martins (Jornalista, Educomunicadora e Produtora Cultural);
Pela Argentina:
Mariela Tulian (Professora, Historiadora e Escritora);
Haylly Wichi (Artista Plástica e Artivista);
Lecko Zamora (Escritor, Músico, Artesão);
Pelo Chile:
Wilma Reyes Huenapu (Gestora);
Horácio Montes de Oca Ayala (Designer Gráfico e Artista Visual);
Azul Huenapu (Professor de Arte e Artista Plástico);
Pelo Equador:
Angel Ramirez Eras (Professor, Músico e Pesquisador);
Pela Bolívia:
Lucian de Sillentio (Fotógrafo e Artista) entre outras pessoas, coletivos, comunidades e instituições que vêm se somando desde o início de 2024.