No dia 05 de setembro comemoramos o dia internacional da mulher indígena. Mulheres que estão a frente de muitas lutas, como a da criação dos filhos, muitas vezes sozinha, a da agricultura familiar, a dos cuidados da casa e das crianças ao redor, a da retomada de suas terras, a contra a violência de gênero e racial. Mulheres que unidas, mesmo com tantos afazeres diários, criaram a premiada rede Pelas Mulheres Indígenas em 2014 e que permanece firme e forte até hoje. Após a criação da rede, colhemos frutos como um livro protagonizado por essas mulheres e também uma rádio, a Rádia Cunhã. Dia 21 de setembro também foi o dia da árvore, tão importante e representantiva para a cultura indígena. Mulheres e árvores: com raízes, tronco, folhas, frutos e flores. Se bem cuidadas, a colheita é farta.
Pataxó Cumuruxatiba
Neste mês o Ponto de Cultura Indígena da aldeia 2 irmãos, Pataxó Cumuruxatiba, vivenciou muitas atividades distintas: participou de encontros de mulheres, não só indígenas, mas também quilombolas e pescadoras. Também foi trazido à tona a questão da agricultura familiar, e parece que os Pataxó estão se articulando para participar da feira de agricultura familiar na região.
Kariri-Xocó
Os Kariri encontraram uma maneira divertida para difundir a língua Kariri Kipea, criaram um grupo que já conta com 96 integrantes, e vêm utilizando os emojis do whatsapp para potencializar o aprendizado.
Pataxó Hahahãe
Colaboradores da rede
5o Encontro Nacional de Estudantes Indígenas que a jornalista e doutoranda Joana Brandão esteve presente.
Alguns jovens que participaram do projeto (e ainda participam do grupo!) Força Indígena Jovem se encontraram neste mês!
Todas essas informações foram trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.
Agosto foi um mês muito especial para a rede de Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Vibramos e torcemos juntos pelo juri do amigo Joel Braz, que ocorreu no dia 16 deste mês, em Eunápolis (BA). Desde 2007 Joel estava vivendo em prisão domiciliar, acusado de homícidio. Este foi o sexto e último processo respondido por Joel, que foi inocentado em todos. O juri começou 8h30 da manhã e terminou às 19h. Várias comunidades do sul e do extremo sul da Bahia se articularam para estar presentes em solidariedade ao parente.
Pataxó – Aldeia 2 irmãos
Nos foi avisado que o cacique Antônio (Pataxó) foi pego pela polícia, em Cumuruxatiba. Ele e sua família estavam dentro de um carro indo para a retomada no lote do Incra. A mídia informou que era um carro roubado, mas segundo a cacique Maria D’Ajuda essa informação é incorreta. Que o carro é da SESAI emprestado para o cacique.
“Todos temos que seguir por esta estrada maravilhosa. Assim nenhuma comunidade terá fome, só alegria. Beijos Tia Mayá”
Karapotó-Plaki ô
Pataxó Hahahãe
Tia Mayá entre os dias 21 e 22 de agosto participou de um encontro com o grupo Anjos da Arte, iniciado como Biblioteca de Rua, do Caxambu (Morro dos Anjos – Petrópolis – RJ). Sebastian Gerlic e Mayá utilizaram ferramentas da metodologia Dragon Dreaming para transformar sonhos em realidade.
Kariri Xocó
Pankararu
O povo Pankararu desde o dia 28 deste, vem ocupando a casa da Diretoria da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco- CHESF, Torres de transmissão de linhas eletricas de alta tensão e no dia de hoje (30/08), por volta das 15 hs 00, o Prédio que funcionava como escritório da CODVASF, próximo a Escola Municipal Professora Djanira Dória. O ato tem como principal reivindicação fazer com que a aludida Companhia reconheça que possui uma DÍVIDA SOCIAL, CULTURAL E HISTÓRICA COM O NOSSO POVO.
Nossa mobilização requer a participação e empenho de todos nós Pankararu pela conquista e garantia de nossos direitos.
Nossa luta tem contado com a colaboração de alguns parceiros do campo jurídico e político, bem como da ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÃO INDÍGENA DO NORDESTE, MINAS GERAIS E ESPÍRITO SANTOS – APOINME, mas ainda não é o suficiente. A luta nesses últimos dias não tem sido fácil, pois a CHESF tem se demonstrado inrresolutiva as nossas questões.
É por essas e outras razões que venho em nome da mobilização Pankararu solicitar o apoio dos demais Pankararu, que por solidariedade e reconhecimento a história de luta de seu próprio povo possam nos ajudar nessa causa. Somos muitos Pankararu e temos muitos com formação em diferentes áreas. Advogados, antropólogos, historiadores, sociólogos entre muitos outros. É chegada a hora minha gente, não vamos deixar que o nosso povo perca essa batalha. Se não for agora, será nunca mais.
Pataxó Barra Velha
Tia Mayá narrou todo o julgamento do colega Joel Braz, no dia 16 de agosto. Informou à rede que os advogados de defesa foram brilhantes. Joel esteve tranquilo e confiante durante todo o julgamento. A força dos encantados esteve presente. Uma forte rede neste dia estava conectada a Joel, amigos de todas as partes, parentes, toda a rede dos PCI. No fim da tarde tivemos a notícia que Joel foi inocentado após 10 anos de prisão domiciliar.
Todas essas informações foram trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.
No mês de outubro os Pontos de Cultura começaram a articular a chegada de mulheres Dragon Dreaming nas aldeias. As visitas ocorrerão entre os meses de novembro a fevereiro. O projeto Redes de Sororidade é mais uma forma de potencializar a rede Pelas Mulheres Indígenas.
Além disso tivemos muitas fotos compartilhadas em nossa rede: Hortas, retomadas, denúncias, ervas para uso medicinais.
Este mês foi bastante movimentado em nossa rede.
O povo Pataxó Hahahãe fez denúncias neste mês sobre abuso da Polícia Militar contra os indígenas em uma ocupação em Potiraguá onde fazendeiros usufruíam de território indígena.
“…Áreas desmata para fazer pasto!
A luta pela a conquista da terra é uma escolha dos Pataxó Hãhãhãe que honram o seu direito. Entretanto a sociedade precisa apoiar essa causa, a maior parte de nosso território nacional está nas mãos dos fazendeiros. Terras que eles exploram todos os recursos naturais, através de desmatamentos, mineração, contaminam o solo com venenos, secam os recursos hídricos. Enfim uma fazenda que eles têm apenas 2 funcionários nós estamos ocupando com 150 famílias indígenas, e que vão viver na produção de agricultura familiar, produzindo alimentos saldáveis. A terra é sagrada e pertence a nós indígenas, estamos a mais de 8 dias ocupando o território. E vamos resistir. Já recebemos a visita do FUNAI, e da Policia Federal, da polícia Militar que esteve visitando a área. Sociedade Brasileira, os mapas provam que a área pertencente a nós indígenas, quando da sua demarcação iniciada em 1936 e terminada em 1938, foi dividida ao meio em acordo do SPI com o estado da Bahia, sem o consentimento nem o conhecimento dos índios, principais interessados na área. A parte subtraída da área original dos índios foi doada a fazendeiros de Itabuna e Ilhéus como mostra o mapa. Nesta área reclamada por nós indígenas, existem cemitérios indígenas e situa-se ao lado da Serra do Couro D’Antas…”
Já no clima Memória Viva, neste mês tivemos também a Feira de Ciências do Colégio Estadual Indígena da Aldeia Caramuru, Anexo Água Vermelha. Dona Mayá foi convidada representando a sabedoria das anciãs. Na Feira de Ciências teve um momento do plantio das Ervas Medicinais: “Muito enriquecedor as crianças e professores interagindo com essa atividade. Gratificante aprendermos o quanto é rica a localidade onde vivemos. Vamos preservar e conservar o Meio Ambiente!”
O povo Tupinambá também enfrentam situações de risco em uma retomada. No dia 3 de outubro eles ocuparam a fazenda do falecido Mário Bucharff, que está inserida dentro do território indígena tupinambá. Além disso, foi vetado o trânsito dos indígenas dentro dos pertences da fazenda, fazendo com que os indígenas que residem por trás dela ter que dar uma volta de difícil acesso por mais de 15km para chegar ao ponto de ônibus, infringindo seus direitos de ir e vir. Após a ocupação os indígenas enfrentaram ataquece da polícia militar da Bahia.
Os Pankararu passaram por uma situação inadmissível:
“Aldeia brejo dos padres Policiais entraram em nosso território, em meio da nossa tradição. Tradição do São Gonçalo, que acontece anualmente, abordando romeiros de Santa brigida, e repreendendo (armas) que são utilizadas na tradição, a muitos e muitos anos, colocaram no camburao, mais de seis pessoas, entre eles uma pessoa com problemas mentais, atiraram para cima, na intenção de intimidar, usou esprei de pimenta em um indígena, sem ao menos ele oferecer risco algum, abuso de poder , fomos coagidos , por pouco não acabaram com nossa tradição no momento, mas juntos somos mais fortes , vivemos lutando a décadas , não seria hoje que iríam nos intimidar.como chegar em uma ária indígena e não se informar o porque daquilo está acontecendo, já vem utilizando da autoridade, somos indígenas, temos nossa tradição, nossa peculiaridade, se informem, respeitem”
A cacica Maria D’Ajuda Pataxó segue firme em suas articulações, especialmente pelas mulheres indígenas e não indígenas
Todas essas informações foram trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.
A rede dos Pontos de Cultura Indígena do Nordeste começou o mês de julho com construção e reivindicações. Na aldeia 2 irmãos, em Pataxó de Cumuruxatiba, um forno comunitário foi construído, enquanto as ervas medicinais, importantes para a manutenção da saúde e da cultura indígena, seguiam seu ritmo de crescimento…
Prêmio Tecnologia Social 2014, categoria Nordeste. FINEP. O reconhecimento é em decorrência da sistematização de INDIOS NA VISAO DOS INDIOS enquanto produção de conteúdos e diálogos promotores de bem-estar partindo desses conteúdos
O Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) firma junto a Thydêwá (CNPJ 05.297.512/000185), o TERMO DE COMPROMISSO CULTURAL (TCC), com a finalidade de executar Projeto Cultural “Eu sou Pelas Mulheres Indígenas”, para implementação da Política Nacional de Cultura Viva – PNCV, mediante as condições estipuladas em suas Cláusulas, nos termos da Lei no 13.018, de 22 de julho de 2014, e da Instrução Normativa /MinC no 08, de 11 de maio de 2016.
Para execução das atividades previstas no Plano de Trabalho deste TCC, serão disponibilizados pelo Ente Público recursos no valor total de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em parcela única.
A partir de agora iremos postar mensalmente algumas informações trocadas no grupo do whatsapp PCI rede transcultural, criado com objetivo de ser uma comunidade colaborativa de aprendizagem, reunindo integrantes dos 8 Pontos de Cultura Indígena do Nordeste.
Diariamente são postadas notícias sobre o andamento das atividades em cada Ponto, o dia a dia dentro das comunidades, a cultura vivenciada em cada pequeno detalhe do cotidiano das aldeias, histórias dos anciões, o brincar das crianças e a luta indígena pela reivindicação de seus direitos e território.
Seguem agora algumas imagens e mensagens compartilhadas no mês de Junho de 2017, mês de uma das principais festas do Nordeste, o São João, e teve até forró dentro das aldeias…
Pataxó Hahahãe
Fabrício Titiah fez um texto sobre ervas medicinais e usou como ilustração a imagem de Dona Maura, anciã Pataxó Hahahãe, conhecedora da medicina natural de sua aldeia.
Teve ação com as crianças e comunidade
Tia Mayá, Pataxó Hahahãe, narrando a história da agricultura no povo Pataxó Hahahãe. Contando a importância de preservar essa cultura milenar. Encontro Celebrando a Semente pela associação AHIAV. Viva a agricultura, viva Hahahãe (Relato por Fabrício Titiah)
Teve forró no São João também…
Pataxó Cumuruxatiba
A cacique Maria D’Ajuda em uma de suas reuniões em prol do bem de sua comunidade, dessa vez para trabalhar reflorestamento.
Relato de Maria D’Ajuda no mês de Junho:
“Estamos na luta esse mês. A luta foi muito forte, ocupamos a pista por duas vezes para resolver a nossa educação, o pagamento dos motoristas e também sobre nossa saúde. Os carros (para transporte escolar) não estão suprindo as necessidades das comunidades, apenas 1 carro para 14 aldeias. Ontemos tivemos com o ministério público em Teixeira de Freitas”.
Kariri Xocó
Teve festa em Kariri Xocó, viva São João!
Diariamente são postadas muitas mensagens nos grupos da rede dos Pontos de Cultura Indígena do Nordeste. Essa postagem é uma maneira de deixar registrado e compartilhar com o mundo algumas informações a respeito do andamento das atividades em cada ponto, do dia a dia das aldeias e da cultura indígena.
Entre os dias 21 e 28 de maio ocorreu a Semana Mundial do Brincar (SMB). Para este ano, o tema escolhido foi “O Brincar que Encanta o Tempo: um convite ao brincar que encanta o ritmo vital da infância e acompanha a sequência da vida com imaginação, fantasia e experiências físicas e anímicas.”
Para acompanhar a SMB pedimos para que os Pontos de Cultura Indígenas produzissem conteúdos sobre a infância dentro das aldeias. E o resultado você vê aqui…
INDÍGENAS DE OITO POVOS SE REÚNEM PARA CRIAR A REDE DE PONTOS DE CULTURA INDÍGENAS DO NORDESTE
Indígenas de 08 comunidades do Nordeste – Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó- Plakiô (AL) – se reunirão para debater o funcionamento e práticas de gestão dos Pontos de Cultura que serão implantados pelo programa.
O Mensagens da Terra, de autoria da ONG Thydêwá e com o apoio do Ministério da Cultura, visa capacitar 100 Agentes Indígenas de Cultura Viva no uso das tecnologias de informação e comunicação para agirem a favor do Planeta e de suas comunidades. Os indígenas participarão de uma formação continuada, presencial e a distância, no decorrer de três anos, com o objetivo de fortalecer suas culturas e melhorar a Educação, Cidadania, e Sustentabilidade em suas comunidades.
No encontro, através de metodolodia aberta e participativa fundamentada nas Rodas de Conversas, serão abordados temas como o valor da cultura indígena, identidade, diversidade cultural, cultura da paz, cidadania, sustentabilidade,entre outros. Nas rodas, cada participante partilha seu ponto de vista, sua experiência, seus sonhos e seu futuro; a vivência, a fala e os rituais são tidos como elementos fundamentais para a compreensão da cultura particular de cada comunidade.
O encontro contará também com a presença de visitantes que contribuirão para a criação de uma partilha pluricultural e multiétnica. Entre eles, Pedro Vasconscelos, Diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura; Débora Castro, consultora de culturas indígenas e coordenadora geral de Programas e Projetos Culturais (CGPPC); Lula Dantas, membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC); Bruno Tarin e Laila Sandroni, encarregados de realizar os Diagnósticos Situacionais do Programa Mensagens da Terra.
Este é o primeiro dos 06 encontros presenciais de 40h que ocorrerão durante a duração do Programa. Serão realizadas também oficinas em cada um dos Pontos de Cultura Indígenas e será criada uma Comunidade Virtual de Aprendizagem – um espaço onde os participantes poderão construir conhecimento e trocar experiência através da partilha em rede na internet.
“Desejamos que as comunidades se empoderem dos Pontos de Cultura Indígena e consigam fazer uma gestão para que as melhorias cheguem em suas comunidades”, disse Potyra Tê Tupinambá, sócia e diretora executiva da Thydêwá, em meio aos preparativos para o primeiro encontro, anunciando as expectativas para os três anos de projeto que estão pela frente.
Serviço:
O quê: Programa Mensagens da Terra
Quem: Um produção da Organização Não-governamental (ONG) Thydêwá, com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), com a parceria e a participação de 08 comunidades indígenas do Nordeste
Onde: Sede do Pontão Esperança da Terra (Thydêwá), em Olivença, Ilhéus (BA).
Sugestões de fonte: Sebastián Gerlic (presidente da Thydêwá); Potyra Tê Tupinambá (indígena Tupinambá e diretora executiva da ONG) Contato: 73-3269-1970, contatos@thydewa.org
Entre os dias 7 e 11 de maio de 2017 aconteceu na sede da Thydêwá o 4o Encontro dos Pontos de Cultura Indígenas do Nordeste (PCI), reunindo representante das 08 comunidades que compõe a rede.
Durante o Encontro tivemos a presença de Célio Turino, idealizador dos Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva.
Escute agora o programa da Rádia Cunhã com a voz das mulheres indígenas representantes de seus Pontos de Cultura + músicas indígenas + um poema de autoria da cacique Maria D’Ajuda (Pataxó). Tudo gravado e produzido durante o 4o Encontro do PCI.
A REDE INDÍGENA MULTIÉTNICA – RIM – vem nascendo junto a ONG Thydêwá desde 2002. Entre 2008 e 2009 vários fatos levam a sistematizar as ações da rede como uma metodologia original e sua produção tomou vulto, em 2011, com o lançamento de seu primeiro livro, em decorrência do reconhecimento e premiação “SOMOS PATRIMÔNIO” outorgado pelo Convenio Andrés Bello:
Vinte mulheres indígenas estão reunidas na semana internacional das mulheres debatendo sobre invisibilidade e violência, realidade com a qual todas lidam diariamente. Devido a pouca atenção que a mídia dá para suas causas e pela urgência de dar voz a essas questões, a rede Pelas Mulheres Indígenas, criada em fevereiro de 2014, criou a Rádia Cunhã, em junho de 2016. Durante esta semana, mulheres Pataxó, Pataxó Hahahae, Pankararu, Tupinambá, Kariri-Xocó e Karapotó estão lançando nova programação.
Para Potyra Tê Tupinambá, uma das idealizadoras do projeto, a rádia é feita por e pelas mulheres indígenas. “As mensagens criadas para a Rádia Cunhã servem para inspirar outras mulheres a se libertarem da violência, já que infelizmente essa é uma realidade de muitas de nós mulheres. Queremos empoderar nossas parentes para mudarem suas histórias, tomarem a rédea de suas vidas, saírem da violência. A Rádia é capaz de transformar a vida das mulheres”, argumenta.
Em 2017 a rede Pelas Mulheres Indígenas completa três anos de atuação, durante este tempo muitos passos foram dados empoderando mulheres indígenas e reconhecendo o valor e potencial delas dentro e fora de suas comunidades. Muitas ações foram realizadas: reuniões nas aldeias, levando a milhares de mulheres indígenas informações sobre direitos das mulheres; muitos relatos foram escritos, fotografados e filmados inteiramente pelas mulheres indígenas, potencializando a voz destas mulheres; muitas vidas foram transformadas: muitas mulheres formadas para prevenir e enfrentar a violência contra as mulheres em suas comunidades.
Entre as realizações da rede, está um livro inteiramente escrito, fotografado e ilustrado por mulheres indígenas, com uma Cartilha voltada para orientá-las a prevenir e enfrentar a violência conjugal. O livro Pelas Mulheres Indígenas está disponível gratuitamente para download neste link: https://www.thydewa.org/wp-content/uploads/2015/03/pelas-mulheres-indigenas-web.pdf
O projeto Pelas Mulheres Indígenas foi idealizado pela ONG Thydêwá e conta com o protagonismo das indígenas para seu redesenho e com a parceria da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República e o apoio da rede de Pontos de Cultura Indígena do Nordeste e o Pontão Esperança da Terra, iniciativas apoiadas pelo Ministério da Cultura. O livro Pelas Mulheres Indígenas conta com o apoio da Secretaria de Política para as Mulheres do estado da Bahia (SPM-BA) e a Rádia Cunhã conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT-BA)
A ONG THYDÊWÁ busca pessoas que queiram passar um período entre 10 a 20 dias nas Aldeias para apoiar na estruturação e fortalecimento dos PCI´s do programa do Mensagens da Terra, através da convivência e acompanhamento das atividades diárias. Cada PCI conta com uma equipe entre 4 e 8 indígenas de diferentes idades que promovem o fortalecimento de suas culturas (registro multimidia da memória, divulgação dos saberes tradicionais, transmissão de conhecimentos, etc) e o acesso a cidadania.)
– transporte ida e volta – aeroporto local x aldeia
– convívio e aprendizagem com a cultura indígena
– aprendizagem prática do DD em projetos que utilizam esta tecnologia social
Requisitos Obrigatórios: – ter feito o curso de introdução ao Dragon Dreaming
– disponibilidade para trabalhar meio período
– despojamento
–
Requisitos Desejáveis: – ter feito o curso de aprofundamento ao Dragon Dreaming
– experiência com gestão colaborativa e facilitação de processos de grupos
– experiência com trabalhos em comunidades indígenas/tradicionais/populares
– colaboração, adaptabilidade, flexibilidade, empatia, visão holística e boa capacidade de comunicação
O QUE É UM PONTO DE CULTURA INDÍGENA- PCI?
O PCI ou Ponto de Cultura Indígena é um espaço de aprendizagem. É um meio que algumas comunidades indígenas usam para divulgar suas realidades. É uma porta para buscar apoio para e das comunidades. O PCI unifica as atividades culturais de cada comunidade. Atualmente existe mais de 100 PCIs no Brasil, a ONG Thydêwá colabora com o fortalecimento de 08 PCIs através de uma REDE promovida pelo programa MENSAGENS DA TERRA fruto de um convenio entre a Thydêwá e o Ministério de Cultura do Brasil.
MAS… PARA QUE SERVE OS PCIs?
O PCI serve para desenvolver ações voltadas ao fortalecimento e afirmação da cultura indígena; e a união dos PCIs serve para fortalecer todas as nações indígenas.
O PCI serve para atender as necessidades dos indígenas que moram nas comunidades (denunciar, projetar, buscar auxílios, estudar, pesquisar, aprender coisas novas, fortalecer os conhecimentos tradicionais…); desenvolver os jovens para serem lideranças, apoiar as lideranças em seus trabalhos; promover a Cultura; Defender o Meio Ambiente; Melhorar a qualidade da Educação Específica e Diferenciada; Fortalecer a Memória da Etnia, sua Cultura e sua Identidade; Elaborar projetos benéficos para a comunidade; Apoiar a Saúde Diferenciada (ervas, parteiras, rituais…). Promover o Diálogo para a paz.
Em Setembro de 2016 realizamos o III Encontro dos Pontos de Cultura Indígena (PCI) do Nordeste, reunindo na sede do Pontão Esperança da Terra as 08 comunidades indígenas vinculadas a rede Mensagens da Terra, sendo eles Pataxó Hahahãe, Pataxó, Tubinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri Xocó e Karapotó (AL).
Este foi um encontro de muita celebração, marcando o II Ano dos Pontos de Cultura Indígenas, contando com o apoio da facilitadora Tanya Stergiou, implementando a metodologia Dragon Dreaming.
O objetivo dos PCI é fortalecer comunidades indígenas para terem melhor visão crítica e melhor preparo para projetar seus futuros, com Protagonismo, Liberdade e Autonomia; dignificando a vida dos indígenas e assegurando a sustentabilidade de suas Culturas.
“Ser jovem indígena é carregar muita responsabilidade”. É assim que começa a fala de Laís Tupinambá, de 18 anos, plenamente consciente da sua responsabilidade de fazer valer a história do seu povo. A jovem que acabou de entrar na Universidade sabe da importância que tem para os indígenas ocuparem espaços dentro da sociedade e lutarem por reconhecimento e representatividade. Para ela, o fato de começar um curso superior é uma vitória não só pessoal, mas para todos os indígenas. A escolha pelo curso de Comunicação Social gira em torno do seu povo. “As grandes mídias não dão voz aos indígenas ou quando dão relatam mentiras sobre nossa verdadeira realidade”, lamenta.
Esses são só alguns dentre tantos desafios que os jovens indígenas enfrentam para serem reconhecidos, respeitados e terem acesso à educação, saúde e cultura. “A Universidade pode vir como uma grande aliada para os povos indígenas, onde mudamos esse formato quadrado que ela tem, colocando a nossa diversidade e trazendo dela os saberes que nos façam crescer na luta”, afirmou a jovem.
Enfrentar os estereótipos e o desconhecimento da sociedade não indígena acerca da cultura dos povos que aqui já estavam antes do Brasil ser Brasil também é uma batalha diária de meninos e meninos que possuem dentro de si a marca da resistência e são obrigados a se reinventar dentro da cultura. Afinal, usar roupas, ter celular, estar conectado na Internet, estudar, morar na cidade não deveriam ser exclusividade da sociedade não indígena. E não são.
“A cultura dos povos indigenas é uma cultura que muda a partir do seu cotidiano e da sua realidade. Muda os trajes, a forma de viver, as pinturas. Para falar dessa mudança é preciso falar do passado”, conta Emerson Pataxó, de 17 anos, da aldeia de Coroa Vermelha, a maior aldeia urbana da América Latina. O jovem, militante do movimento estudantil secundarista, presidente do grêmio estudantil Itambé do Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha, desde pequeno sempre foi ativo na escola, questionando e buscando resolver os problemas junto aos professores. O território indígena de Coroa Vermelha possui aproximadamente 7 mil habitantes.
E com tantas mudanças não é difícil encontrar jovens indígenas que lutam por seus direitos e sua auto indentificação. “Não somos menos indígenas por simplesmente não andarmos mais nus. Eu adoraria ainda ter esse contato com a natureza, essa liberdade de poder morar na minha aldeia em paz, vivendo a nossa cultura como ela sempre foi de verdade. Mas hoje em dia sabemos que isso infelizmente não é mais possível. Mas isso não me torna menos índia por não ficar pelada na aldeia, não desvaloriza meu povo. Eu vejo como uma certa evolução do meu povo também, afinal fomos forçados a nos adaptar”, afirma Laís.
A juventude vê no horizonte a responsabilidade do futuro das comunidades e se mobiliza para revigorar a cultura, para não deixar morrer, nem cair em esquecimento a história dos povos indígenas do Brasil. “O jovem tem que entender o valor, a importância da nossa cultura, não deixar perder a nossa identidade. Porque o índio tem a sua força da natureza, tem a sua força de seus rituais e tudo isso abrange o nosso modo de viver, se perdermos isso, nos tornamos um povo fraco. A juventude vem nesse papel de manter a nossa chama viva”, afirma Laís. Futuro das comunidades
A conexão e preocupação com a natureza são duas das pautas da juventude indígena. “Muitos dos nossos parentes estão esquecendo nessas novas retomadas que devemos priorizar, valorizar e preservar o meio ambiente”, indaga Emerson, provando que os jovens estão presentes na luta, mostrando que têm voz, que têm raiz, que estão abertos e dispostos a lutar por mudanças conscientes e de amplitude planetária. Não querem ser considerados folclore, são modernos, estão atentos as mudanças do mundo, tentando acompanhá-las, mas não perdendo a essência que os conecta com as tradições.
A história de Edson Pankararu, de 27 anos, se une a de Laís Tupinambá e Emerson Pataxó, apesar dos quilómetros e da diferença de Estado que os separam. Edson é vice presidente da União da Juventude Pankararu. Os 3 jovens fazem parte do grupo Força Indígena Jovem, criado em 2016, com a união dos jovens das etnias Pataxó, Pataxó Hahahãe, Pankararu, Tupinambá, Kariri Xocó, Xokó e Karapotó. “Somos jovens pesquisadores sempre em conexão com nossos ancestrais. Sempre juntos com a sabedoria dos mais velhos e também das novas tecnologias, que nos possibilita a troca de saberes com os outros povos, com a juventude de outras aldeias”, afirma Edson Pankararu.
Para o jovem, se afirmar pela cultura e tradição indígena fortalece a juventude. “Isso que mostra que somos povos tradicionais. Independente de onde moramos, das roupas que usamos, nunca perderemos nossa essência, nossa cultura, nosso valor, nós somos povos indígenas tradicionais, donos da terra, da natureza”, complementa Edson, que mora no sertão seco de Pernambuco, na aldeia Pankararu, onde vivem aproximadamente 8 mil índios.
Tanto Edson quanto Laís e Emerson sabem que está dentro deles e de toda a juventude indígena o destino de suas comunidades e não se amedrontam perante a responsabilidade. “Os povos indígenas sempre foram muito guerreiros nessa questão de lutar, não ter medo. Precisamos lutar para ter uma sociedade digna. Nós resisteremos mais 516 anos e não vamos dar trela para esse povo que quer nos exterminar. Lutar é preciso”, finaliza Emerson Pataxó.
Edson sabe que a força da juventude está presente no agora e no amanhã. “Somos os futuros caciques, pajés, lideranças. Se não assumirmos nossa cultura hoje, futuramente não seremos reconhecidos como povos indígenas. Precisamos estar unidos para fortalecer nossa cultura”, afirma. “Uniao, paz e respeito a nossa cultura, origem, ancestralidade, lutas e guerras passadas. Queremos o que é nosso por direito porque somos o presente e o futuro do planeta”, complementa.
O grupo Força Indígena Jovem nasceu dentro da ONG Thydêwá através do projeto Adolescentes Indígenas Expressão Cidadã e é possível acompanhar o movimento que só cresce através do grupo no Facebook: https://www.facebook.com/groups/941864215891750/?fref=ts.
Desde 2002, a Thydêwá trabalha para o fortalecimento das comunidades indígenas, para a consciência planetária e promoção da cultura da paz. Nos últimos anos, tem aliado a apropriação das tecnologias de informação, comunicação e aprendizagem a projetos que lutam por relações interculturais justas e verdadeiras, como a rede Índios On-Line (www.indiosonline.net); Índio Educa (www.indioeduca.org) e a Rede Indígena de Arte e de Artesanato (www.risada.org).
O Adolescentes Indígenas Expressão Cidadã conta com o apoio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Justiça e Cidadania e foi desenhado para promover ações com protagonismo de adolescentes indígenas que visam melhorias para as comunidades participantes: Pataxó de Barra Velha, Pataxó de Cumuruxatiba, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá (BA), Pankararu (PE), Xokó (SE), Kariri-Xocó, Karapotó-Plakiô (AL).[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]
19 de abril, dia do índio. Talvez seu filho chegue em casa pintadinho de índio batendo a mão na boca fazendo Hu Hu hu. Para quem não sabe, isso vem dos índios americanos, prova de que pouco se conhece sobre a realidade do índio brasileiro. Ou do índio que estava aqui antes do Brasil ser Brasil.
“Eu não quero ser lembrada apenas um dia. Eu quero que todos os dias nós indígenas sejamos lembrados como verdadeiros donos deste território. Não somos folclore. Não somos coisa do passado. Somos história viva. Uma história de luta, sofrimento e resistência”, afirmou Potyra Tê Tupinambá, indígena, advogada, mãe, mulher e diretora executiva da ong Thydêwá.
A realidade indígena do país não está fácil. Golpes são dados diariamente sobre os direitos desses povos tradicionais. A luta é constante para não se perder o território, a dignidade, a natureza preservada ao redor da terra onde se vive, o acesso à água, o acesso à tecnologia.
Pela rede Indios Online, portal etnojornalístico, é possível ter acesso a conteúdo produzido pelos próprios indígenas e entender que nem tudo se ouve e lê nos demais veículos de comunicação é verdade: http://www.indiosonline.net/
A Thydêwá também possui 21 livros disponíveis para download. Todos escritos por indígenas. E também 3 cds. Conteúdo suficiente para ter acesso a realidade do índio brasileiro. https://www.thydewa.org/downloads1/
Recentemente lançamos dois livros digitais infantis com histórias indígenas. Por enquanto disponível para iPhones e iPads, mas é possível ler online ou baixar o pdf. Estão lindos! http://www.daterraproducoes.net/ebooks/
A invisibilidade da mulher indígena é combatida pela rede Pelas Mulheres Indígenas que desde 2014 vem trabalhando para transformar a realidade dessa parte da população extremamente vulnerável. Mulheres que são em sua essência fortalezas. http://www.mulheresindigenas.org
Os jovens estão aí mostrando que têm voz, que têm raiz, que estão abertos e dispostos a lutar por mudanças. Não querem mais ser folclore, são modernos, estão atentos as mudanças do mundo, tentando acompanhá-las, mas não perdem a essência que os conecta com as tradições. Estamos reunidos no Força Indígena Jovem, grupo aberto: https://www.facebook.com/groups/941864215891750/
E tem o RISADA, uma rede indígena solidária de arte e de artesanato. Gente preocupada com o meio ambiente e conectada com a tradição de produzir para sobreviver. Acreditando na potência da Internet para potencializar a sustentabilidade de seus povos http://risada.org
A realidade do índio brasileiro é sofrida. Se no dia 19 são folclore, no restante dos outros dias precisam esconder a identidade indígena sob o risco constante de sofrerem preconceitos. É para isso que a gente trabalha, para promover diálogos, acreditando na cultura da paz, no bem viver, na força da mãe terra.
Desejamos a todos um dia do índio, uma semana da resistência e todo um abril indígena de abertura para novos conhecimentos.