AEI participa do Programa Pontes Oi Futuro–British Council através de uma Residência Artística com dois artistas vindos do Reino Unido para o Sul da Bahia que culmina com um Festival no Teatro Municipal de Ilhéus.

O programa “Arte Eletrônica Indígena” (AEI) desenvolve residências artísticas de cocriação em comunidades indígenas, e no ano de 2018 realizou dez residências em dez comunidades, um festival no Museu de Arte Moderna da Bahia em Salvador e, em junho de 2019 uma mostra de seus projetos em Londres. Contando com o patrocínio da Oi, Oi Futuro e do British Council, o AEI começa no dia 9 de setembro sua mais recente residência artística na aldeia do Cachimbo, no município de Ribeirão do Largo, próximo a Itambé, o projeto Sincronia Sonora, que vai registrar e (re)produzir paisagens sonoras em cocriação com comunidades indígenas. Parte do material será exibido em uma exposição interativa no Teatro Municipal de Ilhéus (BA), de 24 a 27 de setembro, das 09h às 21h.

A ONG Thydêwá idealizadora e responsável pelo AEI, convidou a dupla composta por Tom Jackson e Andreas Rauh para explorar as relações entre tecnologia, sociedade, e cultura usando métodos cocriativos de produção audiovisual. Em sua residência, a dupla pretende focar seu olhar criativo nas intersecções entre tecnologias digitais, cultura contemporânea indígena, e a experiência sonora no cotidiano de comunidades indígenas. “Estamos interessados nos aspectos sensoriais e sonoros que costumam passar desapercebidos”, disse Andreas Rauh, músico que investigou formas de produção cultural independente na Inglaterra por seis anos. Ele explica que, “esses sons ‘invisíveis’ do ambiente nos dizem muito sobre os lugares que ocupamos, e mais ainda, quem somos nesses espaços e como nos portamos ao compartilhá-los com outras pessoas”. O segundo membro da dupla é Tom Jackson, pesquisador, docente e artista multimídia na School of Media and Communication da Universidade de Leeds. Ele tem experiência profissional em design gráfico, programação de sistemas interativos e realidade virtual. O trabalho artístico de Jackson incorpora experiências sensoriais, tecnologia, e comunicação, “combino interesses em estudos neurológicos e sensoriais com tecnologias de realidade virtual”, mas “mantenho uma visão crítica sobre o papel da tecnologia na sociedade, mantendo sempre em mente a importância de elementos sociais, culturais e do ambiente”. O projeto da dupla se aventura na gravação de ambientes sonoros em comunidades indígenas e conta com a colaboração de voluntários das comunidades para tal, que contribuirão com suas próprias gravações. A dupla afirma que conta com a participação de voluntários, de todas as idades e gêneros porque “sem a participação de membros das comunidades o projeto perde muito do seu potencial em registrar a riqueza de sons e ambientes sonoros”. Os artistas estarão sediados no Sul da Bahia, onde interagirão com os Tupinambá de Olivença e os Camacã Ymboré.

O Sul da Bahia recebe ainda a pesquisadora e curadora do AEI, Dra. Thea Pitman, também da Universidade de Leeds (Reino Unido), que vem ao Brasil para participar do Festival que incluirá as obras cocriadas por Tom, Andreas e indígenas Tupinambá e Camacã Ymboré, bem como algumas obras realizadas em 2018 resultado da primeira série de residências.

O Festival acontece no marco do “III Colóquio Internacional da Rede Latino Americana de Investigações em Práticas e Mídias da Imagem: Tecnoculturas, Alteridades e Resistências Minoritárias” e propõe pensar as relações entre tecnologia e subjetividades na cultura contemporânea. O Colóquio é organizado pela Universidade Federal do Sul da Bahia e conta com a cooperação de outras 12 Universidades do Brasil e do exterior. Além das obras expostas no saguão do Teatro Municipal de Ilhéus, a presença de indígenas e dos artistas do AEI, dois dos curadores do AEI comentam sobre o AEI no Colóquio, 27 de setembro (sexta feira), sendo Thea às 14 horas e, Sebastián Gerlic, às 16 horas. Gerlic está coordenador e documentarista do AEI, programa que além de promover as residências, as mostras e os festivais, mantém um portal aberto e interativo, onde já se acumulam mais de dez documentários de curta duração sobre as residências já realizadas.

Gerlic comenta sobre a importância desta edição do AEI: “É com muita felicidade que estamos dando continuidade, não só ao AEI como também a nossa relação de parceria com pesquisadores, artistas e instituições do Reino Unido, que há três anos vem se aprofundando. AEI esta promovendo pontes entre os dois países, promovendo aprendizados e benefícios mútuos, enriquecendo uma rede de relações bilaterais”.

O AEI expõe entre os dias 5 e 9 de setembro, no ARS ELECTRONICA FESTIVAL 2019, em Linz – Áustria a convite da Comunidade Europeia que outorgou uma menção honrosa STARTS PRIZE 2019 ao AEI por entender que o programa contribui não só na erradicação de preconceitos como também promove o diálogo intercultural como caminho para a cultura da Paz para todos.

Sobre o Programa Pontes / Sobre o AEI / Sobre a ONG Thydêwá / Sobre Tom Jackson / Sobre Andreas Rauh / Sobre o Colóquio / Ars EletronicaSTARTS Prize

 

SERVIÇO

Arte Eletrônica Indígena: uma exposição interativa

Teatro Municipal de Ilhéus (BA)

De 24 a 27 de setembro, das 09h às 21h.

Dia 24 e 25 visitas guiadas as obras cocriadas pelos indígenas mais a dupla britânica.

Dia 27 de setembro, às 14h e às 16h os curadores do AEI, Thea Pitman e Sebastián Gerlic comentam sobre o projeto no Colóquio.

 

RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS QUE SERÃO EXPOSTAS em ILHEUS

 02 obras inéditas:

Por um lado a dupla vinda do Reino Unido: Tom Jackson e Andreas Rauh estão titulando sua obra assim: “SINCRONIA SONORA”.

Faremos também uma exposição de Fotografias do Antoine Bouquen que estão atualmente sendo cocriadas com os indígenas, que ate o momento não tem título.

 04 Obras realizadas em 2018

1)  A terra que nós somos

Karapotó, município de São Sebastião/AL – 7 a 18 de junho de 2018. Bruno Barbosa Gomes – Baturité/CE: Ilustrador, escritor e tatuador. Sua paixão é conectar imaginação e sentimento na criação de imagens que contam histórias. Residência: Ilustrações animadas elaboradas durante oficinas com os jovens da aldeia para depois projetá-las sobre o corpo deles. Trata-se de uma ampliação do conceito de pintura corporal, com o uso da tecnologia, para eles contarem suas histórias de luta e resistência sobre sua própria pele.

 2)  Raiz no chip!

Tupinambá de Olivença – Ilhéus – BA – 30 de junho a 1º de julho e de 6 a 9 de julho de 2018. Tito Vinícius – Salvador/BA: Produtor musical, músico e DJ.

Residência: Absorver a atmosfera sonora da tribo Tupinambá e produzir um EP com quatro temas misturando elementos eletrônicos, indígenas e os elementos da natureza. Além de produzir o artista Yarú Tupinambá.

3)  Lugar inespecífico

Povo Tupinambá – 16 a 22 de julho de 2018. Sheilla Souza e Tadeu dos Santos – Maringá/PR: Integram o Coletivo Kókir, que significa fome na língua Kaingang, potencializando a vontade de mistura: entre etnias, cidade, natureza, arte indígena e contemporânea. Residência: Criação compartilhada de colagens digitais entre o coletivo, os Tupinambá e os Kaingang. Coleta de sonhos em forma de criações que unem territórios, representações e sistemas culturais.

4)  Cartografia Sonora Pataxó Trambuco

Pataxó de Barra Velha/BA – 9 a 20 de julho de 2018. Oscar Octavio ‘Ukumari’ – Santa Cruz de La Sierra/Bolívia –  O trabalho adentra-se nas relações entre as forças e as vontades da matéria e do ser no meio ambiente. O artista acredita em uma Escultura Social capaz de transformar e produzir consciência. Residência: Cartografia sonora através da gravação de paisagens sonoras, música e histórias locais. Uma experiência, uma viagem com a comunidade através dos sons das suas histórias e mitos. Um processo de introspecção através de uma instalação sonora feita com todos os registros em um formato de som envolvente.

 

Legenda das imagens –

“Lugar inespecífico” – Povo Tupinambá – 16 a 22 de julho de 2018. Sheilla Souza e Tadeu dos Santos – Maringá/PR: Integram o Coletivo
Kókir. Fotos: Kokir.

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